O consumo excessivo de álcool pode gerar lesões gástricas graves e até mesmo levar à morte. O alerta é feito no Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo (18.02) pelo gastroenterologista, Roberto Barreto, credenciado ao Mato Grosso Saúde pela Clínica Vida.
Uma das enfermidades atreladas ao álcool é a gastrite. De acordo com o especialista, que é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia em Mato Grosso (Sobed/MT), a doença é uma inflamação na mucosa do estômago que causa desconforto, dor e dificuldades para se alimentar. Nesse caso, vale destacar que mesmo a ingestão de pequenas quantidades de álcool pode causar irritações na mucosa gástrica, pois ele aumenta a acidez do estômago. Porém, o uso contínuo da bebida agrava o quadro e pode trazer outras complicações.
“O paciente pode ficar com dores constantes na parte superior do abdômen e apresentar sintomas como inchaço, náuseas, vômito ou diarreia”, explica.
Quando o problema não é tratado corretamente, há maiores riscos de desenvolver úlceras, que são as lesões em forma de cratera que surgem no estômago ou no intestino delgado. Os problemas são tratados com medicamentos, dietas específicas e, em alguns casos, mediante procedimentos cirúrgicos.
Por outro lado, a falta de tratamento pode resultar em hemorragias, perfurações ou obstruções intestinais. Apesar das serem raras, elas são perigosas e podem resultar na morte do paciente.
Já a pancreatite é mais comum após anos de uso contínuo de álcool. Entre 5 ou 10 anos, o paciente pode desenvolver a forma crônica da doença. “O problema começa com quadros agudos de inflamação no órgão, que causam dores abdominais intensas. Entretanto, a recorrência faz com que o problema evolua para a pancreatite crônica, com o mau funcionamento irreversível do pâncreas, evoluindo o caso para a morte do paciente”.
A frequente ingestão de álcool é um fator de risco para o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer. De acordo com os estudos mais atuais, o problema é mais comum nos seguintes órgãos: boca, faringe, esôfago, mamas, estômago, cólon, reto, laringe e fígado.
Existem casos em que, com o tempo, o alcoólatra deixa de fazer as refeições corretamente, por redução da fome. Esse quadro é chamado de anorexia alcoólica e é um distúrbio alimentar que pode resultar em outros problemas ao paciente, como a desnutrição.
Problemas cardíacos e vasculares
O excesso de álcool no organismo pode causar problemas circulatórios e no coração. Isso acontece porque a substância aumenta as taxas de colesterol e triglicerídeos, o que gera o acúmulo de gordura nas artérias. Como consequência, o paciente pode desenvolver trombose ou sofrer um infarto.
Ao diagnosticar alterações, o tratamento pode ser feito com medicamentos específicos para o coração e para auxílio na redução do colesterol e dos triglicerídeos. Nesses casos, o paciente também deve adotar uma dieta especial, com baixo teor de gordura, além de eliminar o uso de álcool.
Outro problema comum é a hipertensão. O alto consumo de álcool causa a liberação excessiva de hormônios relacionados ao estresse, o que aumenta a pressão arterial do paciente.
Impotência ou infertilidade
O álcool, quando consumido em excesso, pode causar lesões nos nervos do organismo e, em alguns casos, atingir os órgãos reprodutores. Nos homens, a principal consequência é a impotência sexual, ejaculação precoce e queda no número de espermatozoides. Já as mulheres costumam apresentar alterações nos períodos menstruais, que ficam irregulares, e podem ter infertilidade em decorrência desse quadro.
“Não podemos deixar de citar os danos cerebrais, como insônia, má qualidade do sono, dificuldade de equilíbrio e na coordenação motora, que são comuns devido ao efeito tóxico do álcool”, especifica o médico, observando que, além disso, o excesso do consumo pode causar perda de memória, dificuldades no raciocínio, na fala e nos movimentos, o que acontece em situações mais graves.
Tratamento
O especialista ressalta que o alcoolismo é uma doença e que o acompanhamento profissional é fundamental para garantir a saúde física e mental do paciente durante o tratamento. “Acompanhamento com psiquiatra, apoio da família, abstinência do álcool, consultas regulares ao médico para prevenir enfermidades decorrentes, exercícios físicos, boa alimentação são fundamentais neste processo”, completa.