Diante da pandemia de coronavírus, surge a seguinte dúvida: o Sistema Único de Saúde (SMS) tem capacidade de atender todos que precisam? Conforme a presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), Hildenete Monteiro Fortes, existem cerca de 130 leitos de Unidade Terapia Intensiva (UTI) disponíveis nos hospitais do Estado. A médica teme que, caso aumente o número de infectados pelo Covid-19, os profissionais de saúde tenham que escolher quem morre e quem vive.
“Que eu tenha conhecimento, o Hospital Júlio Muller tem um leito de referência. Para essa pandemia, um leito não é nada. Temos pacientes crônicos que estão usando a UTI. Como vai fazer? Vai dar alta para esses pacientes que estão internados dentro da UTI? Escolha de Sofia que vamos ter que enfrentar futuramente?”, disse em coletiva de imprensa realizada na tarde quarta-feira (18).
A expressão ‘Escolha de Sofia’ é oriunda de um romance filosófico sobre a tragédia vivida por Sophie Zawistowska, escrito em 1979. Em um campo de concentração nazista, ela teve que fazer escolha trágica: um dos filhos seria levado para ser morto na câmara de gás, sendo que ela deveria escolher qual dos dois seria poupado e qual seria condenado. Caso se negasse a escolher, os dois seriam mortos.
Conforme informações repassadas por Hildenete Monteiro, Mato Grosso possui 75 leitos de UTI adulto, 22 pediátricas e 30 neonatal. O índice permanece abaixo do ideal mesmo se considerados os leitos privados disponíveis. Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) aponta como proporção ideal um índice de 1 a 3 leitos de UTI para cada 10 mil habitantes.
“Outra questão é falta de equipamentos. Não foi ou não está sendo adquirido os ventiladores mecânicos para colocar os pacientes graves para ser entubado com esses ventiladores. Não adianta ter só leito, precisamos de todo o material para atendimento desse paciente”, acrescentou a presidente do CRM-MT.
Números aumentam em Mato Grosso