Mato Grosso registra média de seis vítimas de estupro por dia em 2025

Fonte: CenárioMT

Levantamento da Segurança Pública aponta 1.832 vítimas entre janeiro e outubro no estado

Atualizado em dezembro de 2025 — Mato Grosso contabilizou 1.832 vítimas de estupro entre janeiro e outubro deste ano, segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp-MT). O número representa uma média de seis vítimas por dia, evidenciando a gravidade da violência sexual no estado.

Apesar da dimensão do problema, os registros apontam uma redução de 22,14% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram notificadas 2.353 vítimas. Autoridades alertam, no entanto, que a queda não significa necessariamente diminuição real dos casos, mas pode estar relacionada à subnotificação.

Mulheres representam quase 90% das vítimas

De acordo com o levantamento, 88% das vítimas são mulheres. A delegada da Polícia Civil, Judá Marcondes, ressalta que crimes de violência sexual e doméstica ainda enfrentam grande resistência à denúncia.

“Esses números podem ser ainda maiores. Muitos casos não chegam às delegacias por medo, vergonha ou falta de estrutura adequada para acolher as vítimas”, explicou.

Taxa de estupros segue elevada no estado

Mesmo com a redução percentual, Mato Grosso apresenta uma taxa de 56,57 estupros a cada 100 mil habitantes, considerando a população estimada de 3,89 milhões de pessoas. O índice mantém o estado em patamar elevado no cenário nacional.

Os dados são do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp).

Setembro concentrou o maior número de registros

Entre os meses analisados, setembro foi o período com maior número de vítimas, totalizando 298 casos. Em seguida aparecem:

  • Maio: 282 vítimas
  • Agosto: 251 vítimas

Os dados indicam que a violência sexual ocorre de forma contínua ao longo do ano, sem concentração apenas em períodos específicos.

Falta de estrutura dificulta o enfrentamento

Para Andrea Guirra, presidente da Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Barra do Garças e Pontal do Araguaia, o principal desafio não está na legislação, mas na aplicação prática das políticas públicas.

“O Brasil tem uma legislação muito boa, mas ainda faltam estruturas na ponta. Poucas cidades de Mato Grosso contam com delegacias especializadas para mulheres, o que faz muita diferença no acolhimento”, afirmou.

Ela destaca a importância de núcleos de atendimento humanizado em delegacias comuns, especialmente em municípios menores.

Prevenção começa na educação, dizem especialistas

Segundo Andrea, uma das estratégias mais eficazes para reduzir os índices de violência é investir na prevenção desde a infância.

“Se não começarmos a discutir isso nas escolas, desde cedo, para mudar essa cultura de violência, esses números dificilmente vão cair”, alertou.

Campanhas educativas, ampliação das denúncias e fortalecimento da rede de proteção seguem como prioridades das autoridades estaduais.

Onde buscar ajuda

Casos de violência sexual podem ser denunciados pelos seguintes canais:

  • Disque 180 — Central de Atendimento à Mulher
  • 190 — Polícia Militar
  • 197 — Polícia Civil
  • Delegacias especializadas ou unidades policiais mais próximas

Mesmo com a redução nos registros oficiais, os dados mostram que a violência sexual continua sendo um grave problema em Mato Grosso. Especialistas reforçam que o enfrentamento passa por políticas públicas efetivas, estrutura adequada de atendimento e ações preventivas contínuas.

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Rodrigo Lampugnani, formado em Ciência da Computação, é fundador do CenárioMT. Inovador no jornalismo digital. Rodrigo Lampugnani é especializado em notícias do Agro, futebol, astrologia e cobertura regional de Mato Grosso. Produz análises esportivas, horóscopos diários e reportagens locais com foco no desenvolvimento do Estado.