Mato Grosso recebe última elefanta de circo do Chile

Em visitas de monitoramento, a Sema constatou a recuperação das áreas de pastagem degradas. Local é utilizado para soltura de animais silvestres

Fonte: Juliana Carvalho | Sema-MT

Elefanta Ramba chega a Mato Grosso
Ramba chegou em Mato Grosso na última sexta-feira (18.10) e agora está em fase de adaptação - Foto por: Sema-MT
Elefanta Ramba chega a Mato Grosso
Ramba chegou em Mato Grosso na última sexta-feira (18.10) e agora está em fase de adaptação – Foto por: Sema-MT

Após cerca de 74 horas de viagem, a elefanta Ramba deu os primeiros passos em seu novo lar: o Santuário de Elefantes Brasil, no município de Chapada dos Guimarães, na sexta-feira (18.10). Vítima de maus tratos por cerca de 40 anos, a elefanta terá a oportunidade de ter uma nova vida no cerrado mato-grossense.

Ramba, última elefanta de circo do Chile, terá de agora em diante a companhia Maia e Rana, que foram resgatadas no Brasil.

O Santuário de Elefantes Brasil, o único da América Latina, ocupa uma área de 1.100 hectares que era, anteriormente, utilizada para criação de gado. As visitas de monitoramento da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) após o licenciamento ambiental constataram a regeneração da vegetação nativa.

“Observamos, em nossas visitas, muitos impactos positivos, uma vez que é perceptível a recuperação das pastagens degradadas”, enfatiza o coordenador de Atividades de Pecuária Intensiva, Irrigação e Aquicultura, Paulo de Tarso Abranches.

A licença para operação do empreendimento foi emitida em 2016 para utilização de uma área inicial de 29 hectares com capacidade inicial para receber até seis animais, perfazendo um espaço de 4,5 hectares para cada elefante. A estimativa é de que o empreendimento receba ao todo 25 elefantes. O grau de impacto poluidor de um elefante pode ser comparado a cerca de dez cabeças de gado, animal que, mesmo já sendo domesticado, também é considerado exótico em relação à fauna da região.

O empreendimento também está cadastrado junto à Sema como local apto à soltura de animais silvestre. Ao longo dos últimos três anos, quatro antas foram soltas no empreendimento, já que se trata de uma área de ocorrência desses mamíferos e está longe de rodovias que possam causar acidentes, como atropelamentos.

“Temos, inclusive, o curioso relato de que uma das antas voltou junto à presença dos tratadores dos elefantes com marcas de garras na parte posterior do corpo, possivelmente causado por uma onça parda. Ela aceitou o tratamento e voltou para a vida livre espontaneamente”, conta o analista da coordenadoria de Fauna e Recursos Pesqueiros, Marcos Ferramosca. A presença de predadores de topo de cadeia, como a onça-parda, é um indicativo de boa diversidade da região.

Todo empreendimento é cercado, pois não permite a visitação pública. A primeira cerca de contenção é de concreto com tela de alambrado, com 2,35 metros de altura, para evitar a entrada de curiosos. A outra cerca de contenção de animais é feita com tubulação de perfuração de poço de petróleo, com 1,5 metro enterrado no solo e sapata de concreto, e 2 metros acima do solo, impossibilitando a fuga de elefantes. Também há locais estratégicos para passagem de fauna silvestre.

O resgate

A viagem de Ramba teve início em 15 de outubro e terminou na sexta-feira (18.10), por volta de 22 horas. Pesando cerca de 3,2 toneladas, ela embarcou em um cargueiro de Santiago, no Chile, até o aeroporto de Viracopos, em Campinas. Da cidade paulista até Mato Grosso a elefanta seguiu uma longa viagem de caminhão. O resgate de Ramba envolveu diversos trâmites logísticos e burocráticos, entre eles a anuência de importação expedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Os profissionais do órgão federal acompanharam todo o resgate desde a chegada da elefanta ao Brasil. A importação foi possível porque tanto o Brasil quanto o Chile são signatários da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e da Fauna Selvagens Ameaçadas de Extinção (Cites), que tem por objetivo a proteção de certas espécies da fauna e da flora selvagens contra a excessiva exploração pelo comércio internacional.