Com a estação da seca apenas começando, Mato Grosso já se destaca negativamente ao liderar o ranking nacional de queimadas em 2024. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), dos 26.886 focos de calor registrados em todo o Brasil neste ano, 6.980 (30%) ocorreram no Estado. Este número representa um aumento alarmante de 65% em comparação ao mesmo período de 2023, quando foram detectados 4.221 incêndios.
A preocupação cresce à medida que as previsões climáticas indicam um longo período de estiagem para este ano. Em maio, as chuvas ficaram abaixo da média em grande parte do país, incluindo Mato Grosso. O bloqueio atmosférico observado na primeira quinzena de junho piorou ainda mais a situação, criando condições ideais para a propagação dos incêndios: tempo seco e altas temperaturas.
Em resposta ao cenário crítico, o Governo do Estado firmou um pacto interfederativo com o Governo Federal, Mato Grosso do Sul e os estados da Amazônia Legal para o combate aos incêndios florestais no Pantanal e na Amazônia. O acordo foi assinado no início de junho, durante um evento no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, em Brasília, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Para este ano, o Governo do Estado destinou R$ 30,9 milhões às ações de prevenção e combate aos incêndios florestais. Os recursos incluem a locação de quatro aviões e a contratação de 150 brigadistas, entre outras medidas. O objetivo é intensificar os esforços para conter o avanço das queimadas e minimizar os danos ao meio ambiente e à população.
Após Mato Grosso, Roraima aparece em segundo lugar no ranking nacional de queimadas, com 4.623 focos, seguido do Tocantins, com 2.458. Entre os biomas, a Amazônia contabiliza o maior número de queimadas, com 11.436 focos. No entanto, o Pantanal registrou o maior aumento percentual: 988%. Até agora, foram registrados 1.448 focos no bioma, em comparação com apenas 133 no ano passado.
Dentro de Mato Grosso, os municípios de Tangará da Serra (92 focos), Feliz Natal (81 focos) e Poconé (80 focos) estão entre os mais afetados, só perdendo para Corumbá (MS), que lidera com 415 focos.
Para tentar conter a situação, o período proibitivo de uso do fogo foi ampliado e terá prazos diferentes para os biomas mato-grossenses. Na Amazônia e no Cerrado, fica proibido o uso do fogo para limpeza e manejo de áreas entre 1º de julho e 30 de novembro. No Pantanal, a proibição se estende até 31 de dezembro.
O cenário de queimadas em Mato Grosso é preocupante e exige ações coordenadas e eficazes para evitar uma catástrofe ambiental. Com o pacto interfederativo e os investimentos em prevenção e combate, espera-se que os danos possam ser minimizados, protegendo o Pantanal e a Amazônia das devastadoras consequências dos incêndios florestais.