Uma pesquisa recentemente divulgada pelo Ministério da Saúde traz preocupantes dados sobre a incidência de hanseníase no Brasil, colocando Mato Grosso no topo da lista, com a maior taxa de detecção da doença no país. Entre janeiro e novembro de 2023, o estado registrou alarmantes 3.927 casos, seguido pelo Maranhão, com 2.086 casos no mesmo período.
A hanseníase, doença transmissível, é caracterizada pela alteração, diminuição ou perda da sensibilidade térmica, dolorosa e tátil, afetando principalmente a pele, mucosas e nervos periféricos.
Os números revelados pela pesquisa apontam para uma tendência preocupante. No Brasil, durante o mesmo período, foram diagnosticados mais de 19 mil novos casos da doença, um aumento em relação ao ano anterior.
De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde, Mato Grosso figura entre os chamados clusters, áreas de maior risco e concentração dos casos. O primeiro cluster, identificado entre 2017 e 2020, é composto por 41 municípios do estado, representando a área de maior risco para a hanseníase.
Além disso, o terceiro cluster, detectado entre 2016 e 2019, apresenta o segundo maior risco para a doença, abrangendo 70 municípios localizados no extremo sul do Pará, Nordeste de Mato Grosso, Centro-Sul de Tocantins e norte de Goiás.
Os dados alarmantes reforçam a importância de medidas preventivas e de conscientização para combater a propagação da hanseníase, bem como a necessidade de investimentos em saúde pública para garantir diagnóstico precoce e tratamento adequado aos pacientes.
Como tratar a hanseníase?
O tratamento da hanseníase é realizado através da administração de medicamentos específicos, conhecidos como poliquimioterapia (PQT), que consiste na combinação de dois ou mais antibióticos. Os medicamentos mais comumente utilizados são a rifampicina, a dapsona e a clofazimina. Essa terapia é altamente eficaz e visa eliminar a bactéria responsável pela doença, o Mycobacterium leprae.
O tratamento da hanseníase é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Brasil, sendo realizado de forma ambulatorial, ou seja, o paciente não precisa ser hospitalizado. O período pode variar de seis meses a um ano, dependendo do tipo e da gravidade da doença.
Além da terapia medicamentosa, é fundamental o acompanhamento médico regular para monitorar a evolução do tratamento e prevenir possíveis complicações. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de técnicas cirúrgicas para corrigir deformidades causadas pela doença, como a reconstrução de nervos ou a remoção de lesões.
É importante que o paciente siga algumas medidas de cuidado, como manter uma boa higiene pessoal, proteger as áreas afetadas da pele contra traumas e lesões, e evitar o contato próximo com pessoas não infectadas, especialmente durante o período de transmissão da doença.
Destaca-se que a hanseníase é uma doença curável e que, quando diagnosticada precocemente e tratada adequadamente, as chances de recuperação são excelentes. Portanto, qualquer suspeita de hanseníase deve ser imediatamente comunicada a um profissional de saúde para avaliação e início do tratamento.