Mesmo com o compromisso de zerar o desmatamento ilegal e reduzir a devastação da Amazônia e do Cerrado, Mato Grosso continua enfrentando um grave problema ambiental.
Dados do Instituto Centro de Vida (ICV) revelam que o estado, especialmente municípios como Nova Maringá, Colniza e Paranatinga, concentra altas taxas de derrubada de vegetação nativa, principalmente para dar lugar à expansão da agricultura, especialmente a soja.
Segundo o estudo, o desmatamento no Cerrado reduziu significativamente a área de vegetação nativa, enquanto a área agrícola aumentou consideravelmente.
Na Amazônia, a situação é igualmente preocupante, com um aumento expressivo da área autorizada para desmatamento pelo governo.
Leis ambientais ameaçadas em Mato Grosso
A pressão pela expansão da produção agrícola e mineral tem levado à flexibilização das leis ambientais em Mato Grosso. Projetos de lei em tramitação na Assembleia Legislativa buscam alterar a classificação da vegetação mato-grossense, reduzindo as restrições legais para áreas de Cerrado, por exemplo.
A consultora jurídica do Observa MT, Edilene Amaral, alerta para o risco de projetos que buscam afrouxar as regras ambientais, como a tentativa de estadualizar a Chapada dos Guimarães e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que impede a criação de novas unidades de conservação.
Mutirões de negociação e flexibilização de multas
Para agravar a situação, o governo estadual tem realizado mutirões de negociação com produtores rurais, oferecendo descontos de até 90% em multas aplicadas por desmatamento ilegal. Essa prática, segundo especialistas, incentiva a continuidade da atividade ilegal e fragiliza a aplicação da legislação ambiental.
Consequências para o meio ambiente e a sociedade
O desmatamento em larga escala em Mato Grosso tem consequências graves para o meio ambiente e a sociedade. A perda da biodiversidade, a alteração do clima local e regional, a intensificação de eventos extremos como secas e inundações, e a contaminação dos recursos hídricos são apenas algumas das consequências desse processo.
Contradição com metas climáticas
É importante destacar que Mato Grosso assumiu metas ambiciosas de redução do desmatamento na COP 21, em Paris. No entanto, os dados apresentados pelo ICV demonstram uma grande divergência entre as metas estabelecidas e a realidade.
A sociedade civil, os órgãos ambientais e o poder público precisam agir de forma conjunta para reverter esse quadro. É fundamental fortalecer a fiscalização ambiental, investir em educação ambiental, apoiar a agricultura sustentável e promover a criação de novas unidades de conservação. Além disso, é preciso garantir a participação da sociedade na formulação das políticas públicas ambientais.