Em uma iniciativa inédita para preservar a rica história e cultura indígena do Alto Xingu, Mato Grosso, pesquisadores e comunidades locais se uniram para reconstruir a gruta sagrada de Kamukuwaká. Localizada nas bordas do Parque Indígena do Xingu, no norte de Mato Grosso, a gruta, que havia sido vandalizada em 2018, foi meticulosamente recriada em 3D, após seis anos de trabalho e pesquisa.
A gruta de Kamukuwaká, um local sagrado para os povos indígenas do Alto Xingu, foi alvo de um ato de vandalismo que destruiu inúmeros petróglifos, inscrições rupestres que contavam a história e os mitos da comunidade. Apesar de ter sido tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2010, a gruta, localizada fora da área demarcada do parque indígena, ficou vulnerável a atos de destruição.
Diante da gravidade do ocorrido, uma parceria entre a comunidade indígena, a Fundação Factum e o People’s Palace Project foi estabelecida com o objetivo de reconstruir a gruta. A iniciativa contou com a participação de pesquisadores, historiadores e membros da comunidade indígena, que trabalharam juntos para recriar fielmente as paredes da gruta e seus petróglifos.
Para os povos indígenas do Alto Xingu, a gruta de Kamukuwaká é muito mais do que um sítio arqueológico. É um local sagrado onde são transmitidos conhecimentos ancestrais, mitos e histórias. A destruição da gruta foi um ataque à identidade e à memória desses povos.
“Nesta gruta se encontram gravados na rocha os ensinamentos dos nossos antepassados, o povo de Kamukuwaká. Esta rocha é o livro da nossa história”, afirma Akari Waurá, historiador e liderança do povo Wauja.
A reconstrução da gruta foi um processo meticuloso que envolveu a análise de fotografias, documentos históricos e a participação ativa da comunidade indígena. Os pesquisadores utilizaram técnicas avançadas de digitalização e impressão 3D para recriar com precisão as paredes da gruta e seus petróglifos.
A reconstrução da gruta de Kamukuwaká é um marco importante para a preservação da cultura indígena em Mato Grosso. Ao preservar esse patrimônio histórico, as comunidades indígenas garantem que as futuras gerações possam conhecer e valorizar suas raízes.