O desaparecimento de adolescentes entre 13 e 17 anos de idade está em segundo lugar entre os mais registrados pelo Núcleo de Pessoas Desaparecidas, da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP). Ano passado, foram 243 casos. Conforme delegado titular, a maioria some por influência de relacionamentos amorosos.
“Uma grande porcentagem de adolescentes, a partir dos 12 anos de idade, foge por conta disso. São situações de relacionamento amoroso. Às vezes os pais não concordam que o adolescente namore determinada pessoa, o que acaba gerando uma frustração neles e acabam fugindo. Mas a grande maioria volta no mesmo dia, ou dois dias depois, ou a gente localiza”, relata.
O esclarecimento de ocorrências de desaparecimento na região metropolitana chegou a 93% em 2019, Durante o ano, foram 876 casos de desaparecimentos registrados na unidade, sendo 816 pessoas localizadas. A unidade também atuou em casos de desaparecimentos de crianças (0 a 12 anos), sendo 65 ocorrências registradas e de idosos (mais de 65 anos), com 24 ocorrências.
Atualmente, a Polícia usa das redes sociais para auxiliar na divulgação de informações sobre o paradeiro das pessoas desaparecidas. “A gente nunca deixa de buscar a localização. A gente tem uma média de dois, três casos ao dia. As informações e denuncias são importantes, ajudam muito. Logicamente tem as informações falsas, que acabam atrapalhando nosso trabalho um pouco, mas a grande maioria delas são verdadeiras e ajudam na localização das pessoas”, conta.
Apesar disso, conforme o delegado, existem pessoas que fazem a falsa comunicação de desaparecimento. “Não é comum a pessoa fazer um BO [boletim de ocorrência] de falso sumiço. Mas a gente detectando a falsidade, logicamente a pessoa vai responder pelo crime de ter feito a comunicação falsa”.
Motivação
Das 816 pessoas localizadas, 792 foram encontradas com vida, totalizando 97% das ocorrências. Nas 24 ocorrências em que as pessoas foram localizadas sem vida, o desaparecido foi vítima de acidente de trânsito, afogamento, homicídio, encontro de cadáver ou ossada (casos mais antigos que estavam em andamento na unidade), morte natural ou suicídio.
Nos casos em que a vítima desaparece por conta própria, a principal motivação é o afastamento do convívio familiar por brigas ou insatisfação, representando 53% das ocorrências registradas na delegacia, seguido por causas enigmáticas ou diversas (41%), cooptação para práticas criminosas, evasão de custódia legal, sequestro, subtração por familiares ou vítimas de calamidades, e acidentes.
Denúncias e preservação das vítimas
O Núcleo de Pessoas Desaparecidas da DHPP é um dos setores que mais conta com a ajuda da população, que contribui com informações para o esclarecimento dos casos de desaparecimentos.
É natural que a comunidade que ajuda solucionar uma investigação em andamento queira saber da localização do desaparecido, o que é informado através de redes sociais, mas também outras informações como onde e em que condições a pessoa foi encontrada, são situações não divulgadas pela Polícia Civil.
A preservação da vítima depois de localizada ocorre porque a princípio, quando a pessoa desapareceu, as razões eram desconhecidas, mas as circunstâncias que ocorreram durante ou depois podem estar vinculadas a algum tipo de crime ou situação que envolva a intimidade da vítima.