A mãe do copiloto Marcelo Balestrin, que foi resgatado depois de ficar desaparecido por 4 dias em uma região de mata, próximo à Serra do Mangaval, em Cáceres, a 220 km de Cuiabá, não via o filho há seis anos.
Ele estava com o piloto John Cleiton Venera em uma aeronave de pequeno porte que caiu na região na última sexta-feira (30). Eles foram resgatados com vida na tarde de terça-feira (4).
Marcelo e John passaram por cirurgia nesta quarta-feira (5) e estão em observação no Hospital Santa Rosa, na capital mato-grossense.
Antônia Balestrin vive em Portugal e veio para Cuiabá acompanhar as buscas e a recuperação do filho no hospital.
Ela conta que ele ficou surpreso quando encontrou ainda na ambulância no Aeroporto Marechal Rondon, onde foi levado após o resgate.
“Quando cheguei perto da ambulância e peguei perto do pé dele, o chamei e ele disse: oi, minha mãe, a senhora está aqui’. Ele ficou muito feliz e eu também’, relembrou a mãe, emocionada.
Os dois sobreviventes ainda vão ficar alguns dias no hospital em observação. Não há previsão de alta. Eles passaram por cirurgia. John quebrou uma das pernas e Marcelo quebrou as duas.
Buscas
Os pilotos estavam muito desidratados. Parte da família veio do Paraná acompanhar as buscas e o resgate.
Os parentes chegaram a oferecer uma recompensa para quem fornecesse informações que ajudassem na localização da aeronave.
A Força Aérea Brasileira (FAB) se mobilizou para o resgate e usou um avião com alta tecnologia para localizar o ponto exato onde estava a aeronave.
O avião da FAB tem sensores especiais para buscas noturnas e grande autonomia. Isso foi decisivo para encontrar os sobreviventes. O piloto e o copiloto foram retirados da mata com o helicóptero H-60 Black Hawk, uma aeronave usada em operações especiais.
Apesar do mau tempo e da área isolada, as equipes tiveram sucesso, encontraram os dois tripulantes abrigados embaixo do avião, bastante destruído.
A família disse que eles sobreviveram porque o piloto é prevenido: ele levou salgadinhos e alimentos na viagem.
Quando sobrevoava região de Cáceres, próximo à fronteira com a Bolívia, o piloto enfrentou chuva forte e perdeu a visibilidade.
Ele não percebeu quando aeronave começou a perder altitude e acabou batendo nas árvores.
Licença
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) disse que a aeronave tinha uma autorização especial válida por 30 dias.
A aeronave estava com a licença de voo cancelado pela Anac. Porém, o dono do avião disse que já estava regularizando a situação que tinha autorização para levar no avião até o Mato Grosso para passar por uma manutenção.
O avião decolou em Pimenta Bueno, em Rondônia, e vinha para Santo Antônio do Leverger, a 35 km de Cuiabá, onde passaria por manutenção.
Os próprios militares da FAB ficaram surpresos ao encontrar os sobreviventes em um local tão isolado. Vinte e sete militares ajudaram nas buscas.