Se da terra saem os nutrientes para nossa alimentação, por que não devolver ao solo parte do que nos serviu um dia? Todos os dias o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), autarquia responsável pela coleta de lixo em Lucas do Rio Verde, leva pelo menos cinco caminhões carregados ao aterro sanitário de Primaverinha. Com o processo de compostagem do lixo orgânico, as idas até a cidade vizinha para descartar esse material seriam bem menos frequentes.
Em uma média estimada, são quase 1.700 toneladas de lixo levadas ao aterro mensalmente, entre o material orgânico e reciclável, que acabam recebendo essa destinação pela baixa adesão ao descarte correto do lixo na cidade. Cada viagem de carga ao aterro, com um caminhão capaz de carregar até quatro toneladas, sai ao custo médio de R$ 4.900.
Quando o lixo reciclável é colocado no contentor azul, materiais como plástico, papel, vidro, papelão e alumínio são devidamente separados por associados da cooperativa de reciclagem presente no Ecoponto de Lucas do Rio Verde.
A compostagem é a degradação da matéria orgânica que iria ser descartada, feita pelos micro-organismos já presentes nos alimentos, que auxiliam na decomposição. O “produto da compostagem” resulta em parte sólida, o adubo, e parte líquida, o chorume.
Os dois podem ser usados para fortalecer os nutrientes presentes no solo de plantas, porém o chorume precisa ser diluído, com a proporção de uma medida do líquido para dez de água. “A irrigação pode ser feita uma vez por semana ou a cada 15 dias”, explicou a engenheira sanitarista do Saae, Gilneia Amaral.
O professor aposentado Euclides Maranho, morador de Lucas, tem a compostagem como um hábito em sua rotina. O trabalho feito por ele em um terreno ao lado da casa, no Parque das Emas, serve para alimentar o bosque existente no local, repleto de árvores, inclusive frutíferas.
Além do jardim de casa e a pequena floresta, ele também faz questão de compartilhar os produtos da compostagem com a vizinhança, que ora ou outra visita o idoso para repor o estoque de adubo das plantas.
“Quando você descarta uma casca de banana ela está cheia de nutrientes. Eles são necessários para que voltem às plantas. É um adubo natural, pois a planta já elaborou isso”, explicou.
Euclides se atentou até em comprar um triturador, facilitando ainda mais o trabalho de decomposição de galhos e folhas secas, resultado da pode de árvores.
“Não tem melhor coisa no mundo do que sair do meu quintal e dar uma volta todos os dias embaixo de um bosque que eu ajudei a plantar”, afirmou o idoso.
Incentivo à compostagem
Explicada a importância do processo de compostagem para o meio ambiente, o Saae vem estudando formas de incentivar a compostagem no município.
“É uma oportunidade de reduzir a quantidade de resíduos que se manda para o aterro. É uma forma também de incentivar que as pessoas tenham uma conscientização maior sobre a destinação desses resíduos”, explicou a especialista do Saae.
Junto de uma empresa, a autarquia está realizando o levantamento da porcentagem de casas que fazem a reciclagem do lixo.
O que posso usar na compostagem?
• Restos de vegetais
• Cascas de frutas
• Casca de ovo
• Borra de café
• Filtro de café (de papel)