Publicação do MPE coloca Lucas entre cidades com menor cobertura vacinal. Município diz que base de dados de pesquisa está desatualizada

Vacinômetro identifica o grupo de 42 cidades com taxas de cobertura vacinal baixas em várias faixas etárias

Fonte: CenárioMT

(Foto: Ascom Prefeitura/Anderson Lippi)
(Foto: Ascom Prefeitura/Anderson Lippi)

Uma publicação do Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPE) indicou as cidades com menor taxa de cobertura vacinal no Estado. O projeto Vacinômetro indica os índices de cobertura vacinal em crianças, jovens e idosos. Lucas do Rio Verde integra o grupo de 42 cidades com menor cobertura vacinal em crianças de até 2 anos.

Os números divulgados pelo MPE são relacionados ao mês de setembro deste ano. No caso de crianças de até 2 anos, os dados publicados são relativos aos imunizantes BCG, rotavírus, menigococo C, pentavalente, pneumocócica, poliomielite, febre amarela, hepatite A, tríplice viral e varicela.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso, o munícipio cuja taxa é menor que 75% é classificado em vermelho. Os municípios cuja taxa está entre 75% e 95% é classificado em amarelo e, acima ou igual a 95 ele é classificado em verde.

O MPE explica ainda que a análise, conforme orientação da SES, deu-se categorizando, além da faixa etária, o tipo de vacinação, uma vez que, conforme a Superintendente de Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde Alessandra Moraes, em reunião ocorrida em 12/05/2023, restaria desconforme análises sobre um conjunto de vacinas nos municípios.

Base de dados desatualizada

A supervisora de Vigilância em Saúde, Claudia Regina Engelmann, explica que a base de dados usada no levantamento do MPE está desatualizada. Os números do DataSus, banco de dados do Governo Federal, constam os índices relativos aos primeiros três meses do ano, o que explica Lucas do Rio Verde figurar na lista de 42 cidades mato-grossenses com baixa cobertura vacinal. “As informações sobre vacinação são enviadas ao Ministério da Saúde, para o DataSus, diariamente. Porém, a gente tem um delay, um tempo para que isso apareça no DataSus. E esse ano, diferente do ano passado, nós só temos disponíveis na base federal até o mês de março, de abril para frente a gente não tem as nossas informações locais de lançamentos diários de vacina”, detalha.

Esse atraso na atualização se deve a mudança no sistema do DataSus. Segundo Cláudia, essa situação reflete na posição de outros municípios no ranking preparado pelo MPE. Segundo o Ministério da Saúde informou ao município, os dados deverão ser atualizados em breve, esclarecendo qual a real situação dos municípios em relação à cobertura vacinal.

Enquanto aguarda a migração do sistema do Governo Federal, Lucas do Rio Verde vai monitorando internamente a situação. “Nós fazemos um controle paralelo aqui no município com o relatório de doses aplicadas em todas as nossas unidades de saúde, inclusive as privadas, para que a gente saiba como que está a situação a aqui no nosso município. Nós temos desafios, estamos com cobertura baixa em algumas vacinas, porém não é aquela realidade ali mostrada, naquele documento”, esclarece.

Alternativas

A supervisora adiantou que o município vai buscando alternativas para melhorar a cobertura vacinal. Entre as medidas adotadas estão o atendimento de unidades de saúde com horário estendido, deslocamento de equipes para praças do município, participação em eventos festivos, visitas em propriedades rurais, empresas, além vacinação em escolas.

“A gente vem trabalhando para, principalmente no calendário básico da criança, manter as coberturas em dia. Desde 2022 a gente intensificou mais ainda as ações e esse ano recebemos um prémio por ter boas coberturas nas vacinas básicas da criança. Mostra que o município está empenhado, preocupado, mantendo salas de vacinas abertas em todas as unidades de saúde. Não é todo município que tem a vacina perto da população”, observou.

Claudia Engelmann explica que houve uma queda na cobertura vacinal em razão da falta de alguns tipos de vacina. “Nós tivemos problemas também de falta da poliomielite oral, por exemplo, nós tivemos uma redução. Então quando a gente teve que otimizar”, relatou a supervisora, acrescentando que para não desperdiçar doses foi necessário um direcionamento da população para determinadas unidades de saúde. E nem todas as pessoas conseguiram se dirigir a determinadas unidades de saúde. “Também tivemos falta de tríplice viral, que tivemos que fazer escalonamento, e estamos em desabastecimento total de varicela. E isso tudo também impacta em alcançar uma boa cobertura. Nesse momento, varicela é uma das vacinas que até o final do ano nós não vamos conseguir uma boa cobertura, porque estamos desabastecidos”, pontua.

Orientação

A supervisora explicou ainda que esquemas vacinais não concluídos não são contabilizados. Por isso, os pais ou responsáveis, são orientados a seguir à risca os períodos de aplicação das doses para garantir a imunização das crianças. “Nós tivemos um caso de sarampo em 2020, uma doença que é prevenível com vacina. A vacina deu tão certo que agora a gente, como sociedade, está colhendo os frutos dela, porque a gente não vê mais as doenças, parece que não existe, parece que não precisa vacinar. Mas as doenças estão por aí”.

“Reforçar os pais, responsáveis, que existem os meses corretos de receber, não atrasem essa vacina, fiquem atento ao calendário. Se tem dúvida, liga na unidade, pode ligar na Vigilância em Saúde. As vacinas trazem proteção, não sobrecarrega o sistema imunológico. Existem vacina que tem contraindicação, mas são contra-indicações muito estabelecidas, por exemplo, alergia grave ao ovo, tem umas situações que não vai poder tomar. Todas as vacinas são seguras, estão disponíveis para todos, e a gente pede para que não atrasem o calendário vacinal”, ressalta Claudia.

Dados do MPE

Conforme o Vacinômetro, Lucas do Rio Verde está entre os municípios com menor taxa de cobertura vacinal BCG em crianças menores de 1 ano, ocupando a posição número 37, tendo imunizado 54,8% das crianças. Cuiabá, Varzea Grande e Tangará da Serra são outros municípios que integram o grupo de 42 que menos vacinaram. A lista é puxada por Nova Nazaré que vacinou apenas 8,3% das crianças.

Em relação à vacina rotavírus, que é aplicada em crianças menores de 1 ano, Lucas do Rio Verde teria vacinado 46,8% da meta e ocupa a 29ª posição no ranking de 42 cidades com menor cobertura vacinal. Nova Nazaré, que 14,6% da meta, encabeça a lista.

O projeto Vacinômetro destaca ainda a cobertura vacinal meningococo C em crianças menores de 1 ano. A Saúde de Lucas do Rio Verde teria vacinado 45,4% da meta, ocupando assim o 35º lugar entre as 42 cidades com menor cobertura.

Em relação a aplicação da vacina pentavalente em crianças menores de 1 ano, Lucas do Rio Verde teria imunizado 43,3%, sendo o 26º município com menor taxa de cobertura vacinal.

A relação do MPE mostra ainda que na aplicação da vacina pneumocócica em crianças menores de 1 ano, Lucas do Rio Verde imunizou 49,3% do público-alvo. Por isso, aparece em 32º nessa lista.

Entre os 42 municípios mato-grossenses com a menor taxa de cobertura vacinal poliomielite em crianças menores de 1 ano, Lucas do Rio Verde vacinou 43,7%, ocupando a 25º nesse ranking.

Na aplicação de vacina contra febre amarela em crianças menores de 1 ano, o público vacinado foi de 46,6%. Com isso, Lucas do Rio Verde ocupa o 28º lugar no ranking de cidades com menor cobertura vacinal.

Com relação à cobertura vacinal hepatite A em crianças menores de 2 anos, Lucas do Rio Verde alcançou 52% da meta, ocupando a 37ª posição no ranking do Vacinômetro do MPE.

Outro dado divulgado pelo MPE mostra que Lucas do Rio Verde aplicou a vacina tríplice viral em 41,5% das crianças menores de 2 anos no município. O desempenho deixou Lucas na 17ª posição entre os municípios com menor cobertura vacinal.

Por fim, em relação à aplicação da vacina contra varicela em crianças menores de 2 anos, Lucas do Rio Verde imunizou 35,1% do público-alvo, ficando como o 21º município com menor cobertura vacinal.

Outras vacinas

Em relação às vacinas aplicadas em adolescentes e idosos, como HPV, meningocócica ACWY e Influenza, a publicação do MPE mostra Lucas do Rio Verde teve desempenho acima de 42 cidades que aparecem nos relatórios do projeto Vacinômetro.

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso.