Uma cerimônia simples, mas bastante emocionante, marcou a formatura de alunos do projeto Muxirum em Lucas do Rio Verde. O ato aconteceu no pavilhão da Igreja Batista, no bairro Jardim das Palmeiras. Alunos, professores e membros da Secretaria Municipal de Educação participaram a solenidade.
O Mais MT Muxirum é desenvolvido por meio do regime de colaboração entre o Governo do Estado e município. O governo executa o apoio técnico e pedagógico, realizando a formação de profissionais, avaliações externas, premiação de escolas e acompanhamento das ações. O objetivo é erradicar o analfabetismo.
A coordenadora do projeto, professora Ana Blessa, observou que as aulas tiveram sequência mesmo no período de fim de ano. Ela disse que observar os alunos, todos adultos na faixa de 40 a 50 anos, a ler e escrever é muito gratificante. “Talvez pra muitos possa ser tão simples, mas pra eles é uma certeza de vida mais digna, de um lugar na sociedade. Porque aprender a ler e escrever é se libertar para o mundo”, ressaltou.
A mesma opinião compartilha Levi Godinho, que foi um dos alfabetizadores do projeto. Ele destaca que a alfabetização amplia os horizontes dos formandos. A partir desta experiência, eles poderão se matricular em turmas do EJA (Ensino de Jovens e Adultos). “E foi uma oportunidade muito rica pra mim também, como profissional foi uma experiência nova. Foi a primeira vez que eu fui desafiado a trabalhar com alfabetização de adultos. Sempre trabalhei com a alfabetização de alunos do ensino fundamental”.
O alfabetizador elogiou a perseverança dos alunos. “Os nossos alunos trabalhavam o dia todo, vinham cansados, mas motivados e sempre eles diziam assim: professor, a gente vai até o fim porque nós queremos concluir o nosso curso e a gente quer aprender a ler e a escrever”, destacou.
Vídeo
Um dos momentos mais emocionantes foi a apresentação de um vídeo dos alunos lendo textos escritos à mão, em um quadro, ou mesmo o conteúdo de livros.
Dona Eliene Galvão da Conceição, uma das formandas, falou em nome da turma. Ela declarou que aprender a ler e a escrever mudou sua vida. E garante que não parar com o aprendizado.
“Aprendi a ler, escrever. Quero continuar, não quero parar”, ressalta, citando que essas habilidades faziam muita falta. “Fazia demais. Eu não sabia ler, nem escrever e tudo tinha que pedir pros filhos. E aí estou me esforçando o máximo pra aprender bastante”, acrescentou.
Agora, com o desenvolvimento das novas habilidades, dona Eliene tem vida mais ativa, inclusive na igreja onde congrega. “Trabalho junto lá com a missionária Cida, na igreja. E aí eu vim pra esse projeto, foi muito bom pra aprender ler, escrever. E vou continuar. Não quero parar. Aí eu quero ir me matricular num colégio, EJA, e continuamos tudo. Não vou parar”, garante.
Parceria mantida
Ao abrir as portas da igreja para o projeto, o pastor Wemerson Antônio, da Primeira Igreja Batista em Lucas do Rio Verde, disse que a instituição viu uma oportunidade de contribuir com a comunidade.
Ele explica que, desde 2016, a igreja conta com a Associação Batista Luverdense, que é considerado um braço social. “E nós temos alguns projetos já com a comunidade e algumas parcerias já com a prefeitura municipal”, explicou. “A igreja prontamente abriu as dependências pra receber a comunidade e diariamente poder ter os alunos aqui estudando. E hoje nessa formatura a nossa alegria é poder ver a alegria deles, vê-los lendo e podendo exercer essa habilidade”, completou o pastor.
Novas turmas
A primeira turma começou com cerca de 20 alunos, mas nem todos puderam completar a carga horária do projeto. “Foram seis meses intensos, não parou agora em dezembro. Então nós estamos aqui hoje certificando os vitoriosos, digamos assim, dessa caminhada, os que chegaram até aqui. E já ficou aquela sugestão de darem sequência nas atividades aí no EJA que é uma oportunidade também”, explicou Ana Blessa.
O município agora se prepara para novas etapas do projeto, oferecendo a oportunidade que outros adultos possam aprender a ler e a escrever. “O Estado abriu o edital agora pra que a gente possa começar a movimentar novas turmas pra esse ano. Então, até março a gente precisa ver como vai ficar isso pra depois, no futuro, ter novamente outras turmas em andamento”, declarou a coordenadora.