Uma doença que vem tirando o sono dos produtores de soja de cidades do eixo da BR 163 é objeto de estudo de pesquisadores já há alguns meses. A anomalia das vagens da soja foi detectada na região de Lucas do Rio Verde, norte de Mato Grosso, e as perdas em algumas propriedades chegaram a até 45% da produção.
A pesquisadora da área de fitopatologia da Fundação Rio Verde, Luana Belufi, explicou a reportagem do CenárioMT, que a Embrapa de Sinop vem liderando várias linhas de pesquisa pra chegar a identificação da causa dessa anomalia. A Fundação Rio Verde integra o grupo de pesquisa. Além das cidades mato-grossenses há relatos da anomalia em outro Estado. “Além de Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Sinop agora temos o relato da ocorrência em Rondônia. Lá há alguns trabalhos de pesquisa em andamento porque também foi identificada a anomalia das vagens”, informa.
A anomalia que atacou lavouras em Mato Grosso e Rondônia tem os primeiros sintomas internos. A doença ataca o grão na fase de formação, apresentando deterioração. Somente quando o ciclo da cultura vai avançando é que produtores ou técnicos agrícolas conseguir identificar as plantas doentes. “O sintoma mais evidente é visível na hora da colheita e o grão está todo comprometido”, explica. “Afeta diretamente a qualidade desse grão”.
Prejuízos
Na safra passada as perdas em produtividade e qualidade em algumas propriedades foram bastante expressivas. A pesquisadora informa que depois de colhida, a soja é levada para classificação. E parte da produção é rejeitada. “Esse grão, com esse sintoma, é considerado um grão avariado, um grão com problema que o armazém considera como descarte. Entra na classificação como um grão fora do padrão de recebido e aí há o desconto”, detalha.
No campo experimental da Fundação Rio Verde os pesquisadores mantém a atenção para identificar o comportamento das plantas, se em algum momento haverá a manifestação de sintomas da anomalia. “Se há alguma característica de que ela está acometida pelo problema. A gente observou que as plantas que estão mais próximas da colheita o sintoma de anomalia. Não está havendo tanto relato de produtor falando do problema, mas todos estão observando nas áreas pouca incidência. Talvez não chegue no nível que foi na safra passada”, observa Luana. Ela cita que na safra 2021/22, além da anomalia, foi registrado índice maior de chuvas nas regiões afetadas. “Um dezembro e janeiro muito chuvosos e isso acabou acentuando ainda mais o problema”.
As pesquisas mantidas pelas instituições vão desde a investigação sobre cultivares, nutrição, uso de fungicidas, além de isolar quais fungos podem estar associados. “Se for doença ou algum outro fator fisiológico da planta também está sendo investigado por esse grupo de pesquisadores”, explicou a pesquisadora da Fundação Rio Verde.