A destinação adequada do lixo orgânico produzido diariamente em Lucas do Rio Verde tem sido um grande desafio para o poder público. Atualmente ele é coletado e direcionado para o aterro sanitário localizado fora do município. O custo é alto, mas uma parceria com a iniciativa privada pode trazer uma solução para o problema.
Nesta quinta-feira (09) representantes da Prefeitura e Câmara Municipal conheceram o trabalho de uma empresa que trabalha com compostagem. Localizada na área rural do município, ela recebe resíduos orgânicos oriundos de indústrias, transformando em matéria prima que atenderá o setor produtivo.
O projeto idealizado pela Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Lucas do Rio Verde é o Lixo Zero. Como o lixo reciclável vem sendo reaproveitado, a ideia é que o resíduo orgânico produzido em residências, empresas e indústrias possa ter uma destinação adequada.
“A gente sabe da necessidade que se tem de dar um destino correto. E essa empresa aqui, a CRC, está fazendo um trabalho fantástico aqui. É perceptível o trabalho que eles realizam na compostagem”, explicou Paulo Nunes, titular da secretaria,
Lixo Zero
O projeto Lixo Zero está sendo desenvolvido a partir da consultoria de uma empresa que atua, principalmente na capital mato-grossense, Cuiabá, onde já realizou diversas ações junto a empresas e poder público.
Jean Peliciari explica que a responsabilidade da empresa é trazer a educação ambiental na prática. “Nós vamos estar atuando nas escolas, empresas e também em alguns bairros, ensinando, sensibilizando, engajando a população para que faça a separação correta dos resíduos”, explicou. “É uma grande oportunidade que Lucas do Rio Verde tem com uma empresa como essa aqui no município, a maioria das cidades do Brasil não tem onde levar os seus resíduos orgânicos. E Lucas do Rio Verde tem. Só que precisa a separação ali na fonte, dentro das casas, dentro das empresas, porque ele só recebe aqui o resíduo orgânico limpo”.
A ideia é iniciar o projeto em 2024 e partindo do poder público municipal. “O gabinete do prefeito vai ser o pontapé inicial, porque tem que começar dentro para fora. Então o gabinete do prefeito é ‘Lixo Zero’, um gabinete onde não tem lixeiras. E depois vamos expandir isso para o Paço Municipal sem lixeiras. É possível”, destacou Jean.
O consultor observa que ao fazer a separação correta de resíduos é possível perceber que menos de 10% é lixo. “Então nós temos aí 50% do que é gerado em média, são resíduos orgânicos, 30 a 40% são recicláveis e menos de 10% é lixo. E hoje nós tratamos tudo como lixo, coloca dentro do saco preto e leva daqui e manda enterrar isso aí. A gente precisa mudar esses hábitos e a Contini, essa empresa aqui é uma grande oportunidade para a cidade evoluir na gestão de resíduos”.
Compostagem
O empresário Ivonir Contini recebeu a comitiva e explicou como é o processo, desde o recolhimento do material orgânico até o processo que leva para fazer a compostagem. Antes de iniciar a atividade, Contini trabalhou numa indústria de alimentos e foi percebendo a necessidade de reaproveitar os resíduos produzidos no local. A decisão de trabalhar no segmento veio com a criação de outra indústria que trabalha no processamento de etanol. “Fechou certo o ciclo de eu usar os resíduos deles, visando baixo custo para eles e eu conseguir produzir. Foi aí que nós conseguimos fazer a empresa”.
Atualmente são produzidos por mês entre 6,5 mil a 7 mil toneladas de produto acabado a partir de 9 mil toneladas de resíduos orgânicos recebidos na empresa. São produtos vindos de frigoríficos, parte de lodo de efluentes, resíduo de restaurantes, varredura de fábrica de ração, cinza produzidos com a queima em indústrias. “Da FS vem cinza, a gente adquire cama de frango e daí faz a mistura. Agora nós estamos também fazendo testes com a casquinha, o capulho de algodão e estamos vendo que está tendo um resultado até bom nessa parte aí na troca de carbono, ajuda bastante a nossa produção”, detalhou.
Ivonir explica que o ideal seria trabalhar o conceito de reciclagem de forma correta para que o resíduo orgânico seja absorvido por sua empresa. “Se conseguir fazer uma cadeia, fazer a reciclagem como deve ser feita, a gente consegue receber toda essa parte úmida. O que produzir de lixo orgânico a gente recebe e transforma na mesma matéria-prima, não vai mudar em nada o nosso processo”, assegurou. “Se você analisar no final, eu acho que o resultado é muito bom. A gente vai deixar de mandar um monte de material para o aterro sanitário e pode estar transformando aqui, que aqui faz a cadeia, volta lá para gerar o alimento que vamos levar para casa”.
Apoio
Acompanharam a visita os vereadores Sandra Barzotto, Daltro Figur e Gilson Fermino, o Urso. “O Legislativo sempre foi parceiro para que o município avance também nessa questão ambiental. Acho que o lixo é um problema e nós precisamos tratar ele hoje a nível de Lucas do Rio Verde, não um poder independente. A Câmara é parceira. Fiz questão de vir aqui, agradeci o convite deles, de também estar com a Câmara junto com esse projeto. E o que depender do legislativo, nós estamos não só para apoiar, mas também para fazer o trabalho juntos”, destacou a presidente da Câmara, Sandra Barzotto.