A safra de milho na região de Lucas do Rio Verde deverá ter redução no volume a ser colhido na ordem de até 25% do total plantado em comparação a safra anterior. O índice poderia ser maior, não fosse o comportamento do produtor rural. De acordo com a Fundação Rio Verde, a instabilidade climática entre o período de plantio até a colheita, levou os produtores a aplicarem maior tecnologia.
O diretor executivo da FRV, Rodrigo Pasquali, lembra que o plantio do milho aconteceu fora da janela considerada ideal, um pouco mais tarde em referência aos anos anteriores. No período de plantio, havia a expectativa de chuvas mais abundantes entre abril e maio. Entretanto, essa realidade não se confirmou. “Tivemos um crescente volume de chuvas no março e avançando no mês de abril com muito pouca chuva ou chuvas isoladas e o mês de maio com praticamente nenhuma chuva”, explicou.
Por conta deste cenário, Pasquali acredita que o potencial produtivo será bastante afetado. No entanto, o índice de quebra na produtividade tende a ser minimizado. Animado pelo preço da cultura, o produtor investiu mais em tecnologia. “Esse investimento vai refletir em produtividade. Neste cenário que temos uma cultura com pouca chuva, ela está com mais nutrição, mais tecnologia. A possível perca que vai ter na cultura vai ser amenizado com essas ações. O produtor adubou mais, investiu mais. Então, ela (cultura) tem um suporte maior de suportar a adversidade”, assinalou. “Não significa que vai produzir igual, mas vai ter potencial essa falta de chuva e compensar de outra forma”.
Preço
O diretor observou que em 2020 o produtor trabalhava com preços na casa de R$ 30 a R$ 35 a saca. Este ano os preços chegaram a R$ 70 a saca. Contudo, grande parte da produção foi negociada de forma antecipada. “O volume de negócios, de incremento de valor na cadeia produtiva, vai ficar limitado em função dessa perda de produtividade”, pontuou.
Algodão
Em razão dessa irregularidade climática, não apenas o milho, mas o algodão e feijão também foram afetados. A Fundação Rio Verde estima que a perda de produtividade na cultura do algodão fique em torno de 28% a 30%.
Projeção para próxima safra
Rodrigo Pasquali observa que a expectativa é que a próxima safra consiga atenuar a redução de produtividade. As previsões são otimistas neste sentido. “As previsões apontam para uma próxima safra melhor. Isso pode atenuar essa crise que pode se instalar, nos preços futuros de uma ordem interessante, que consegue ter uma visibilidade nas propriedades. Porém, somos reféns do clima. O agricultor, nós, temos que nos adaptar a ele. Temos tecnologia pra superar essa realidade do clima, que é decisiva na propriedade”, conclui.