Gerenciar o descarte do nosso lixo de forma inteligente tem sido um assunto recorrente quando pensamos em preservação do meio ambiente. E para que isso aconteça, as políticas públicas são as principais aliadas na construção dessas ações, além da auxiliarem na conscientização da população sobre a necessidade de descartar corretamente o próprio lixo.
Por mais que seja comumente usado, o termo “jogar fora” causa uma interpretação equivocada sobre como descartamos nosso lixo. Isso porque, não há “fora”. O que por nós é produzido aqui, também é descartado dentro desse mesmo planeta.
Para buscar ações que proporcionem a completa estruturação do descarte de resíduos em Lucas do Rio Verde, a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente realizou, na última semana, de 18 a 22 de abril, uma visita oficial ao município de Canoas, no Rio Grande do Sul, onde está instalada a maior usina de reciclagem de resíduos de construção civil do Brasil.
“É um município que faz a diferença na destinação de resíduos e a ideia foi ver o que podemos trazer de ideias para a nossa cidade, com o objetivo de melhorar ainda mais o que temos aqui. Vimos que o nosso município tem potencial para aprimorar e dar a destinação correta para todos os resíduos. Ainda somos uma cidade pequena e nossa população é consciente”, explicou a secretária de Agricultura e Meio Ambiente, Suzana Romancini.
Além da secretária, a supervisora de Meio Ambiente, Sandra Scabeni, e a engenheira ambiental, Eduarda Oliveira, estiveram no município sulista em busca de referências para a destinação dos resíduos sólidos na cidade luverdense, em especial os restos de construção civil.
A visita foi realizada em três etapas: a primeira na Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, para entender como é feita a tramitação entre poder público e empresa que presta os serviços, além dos demais processos envolvendo o descarte do lixo e limpeza urbana executados pela prefeitura.
A segunda etapa foi para o acompanhamento do serviço de coleta e limpeza urbana pelas ruas de Canoas, e a terceira consistiu na visita às instalações da usina RCC para conhecer de perto como funcionam os processos de reciclagem desse tipo de material, que vêm sendo feitos na usina desde 2019.
A usina de Canoas recebe cerca de 30 mil m3 de resíduos por mês, que são triados e processados, gerando como material agregado diversas bases para novas obras, como areia, pedra e brita com diferentes variações de tamanhos. Os demais materiais, segundo a Secretaria de Meio Ambiente, (como material orgânico, madeiras, vegetação e recicláveis) são triados e aguardam para ter a sua destinação final ambientalmente adequada.
“Nessa usina eles têm uma grande capacidade de trituração, onde se consegue cinco produtos ao final, que são variações entre pedra, brita e areia. Então, como ganho, além de deixar de comprar a pedra e areia para ser usada nas construções do município, o material que iria poluir e não ter serventia é reaproveitado de várias formas”, complementou a secretária de Meio Ambiente.
Além do benefício ao meio ambiente, da economia com materiais para novas construções, a usina RCC de Canoas garante emprego digno, com carteira assinada, para mais de 100 trabalhadores.
Essa unidade servirá como referência na implantação de um sistema efetivo para reciclagem de restos de construção e materiais orgânicos vindos da poda de árvores em Lucas do Rio Verde.
“Vamos fazer um planejamento macro para os próximos anos no município, que proporcione uma solução para o problema que é o passivo ambiental gerado. Nossa ideia é fazer o aprimoramento e todas as adequações que precisam ser feitas na Central Verde, com todo um controle sobre isso. Vamos trabalhar no estudo para estruturar esse projeto”, finalizou a secretária Suzana.
Plano Nacional de Resíduos Sólidos
É por meio do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, lançado pelo Governo Federal neste mês, que será possível executar a política nacional de resíduos sólidos.
O Plano proporciona mais segurança jurídica e previsibilidade para a atração de investimentos, além de desenvolver a infraestrutura física e logística para a melhoria da gestão dos resíduos sólidos do país.
Além do encerramento de todos os lixões do Brasil, está previsto o aumento da recuperação de resíduos para cerca de 50% em 20 anos. Assim, metade do lixo gerado deverá deixar de ser aterrado e passar a ser reaproveitado por meio da reciclagem, compostagem, biodigestão e recuperação energética. Atualmente, apenas 2,2% dos resíduos sólidos urbanos são reciclados, segundo Ministério do Meio Ambiente.