A igualdade racial foi tema de uma palestra promovida pelo recém-criado Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial em parceria com a Secretaria de Assistência Social e Habitação de Lucas do Rio Verde. A palestra foi proferida pelo presidente do Conselho Estadual de Promoção e Igualdade Racial de Mato Grosso, Carlos Alberto Caetano.
O público foi formado basicamente por estudantes e servidores públicos. De acordo com a presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, Gabrielle Ponciano, a realização da palestra serviu para uma reflexão a respeito da temática abordada. “Poder pensar juntos, refletir, pensar ações. Estou muito feliz porque é assim que a gente avança para uma sociedade mais justa e que consegue acolher todas e todos, independentemente da cor, da etnia, da religião”.
A secretária adjunta de Assistência Social e Habitação, Débora Carneiro, observou que Lucas do Rio Verde, município colonizado por migrantes vindos do sul do país, vem mudando seu perfil populacional ao longo dos anos. Hoje, além das tradições gaúchas, costumes do norte e nordeste vêm trazendo mais riqueza cultural. “A gente precisa trabalhar no sentido da igualdade, sem distinção, de raça, sem distinção de cor, sem distinção de gênero ou de opção sexual”, disse, na abertura do evento.
Débora lembrou que a criação do Conselho Municipal da Promoção da Igualdade Racial foi tomada no ano passado, durante visita do palestrante Carlos Alberto Caetano. “Ele veio e trouxe para nós a importância da instituição de um conselho da igualdade racial e naquele instante nós ouvimos tudo o que ele tinha para falar, tudo que ele nos colocou com a experiência que ele tem, de todo o conhecimento que ele tem”, comentou.
O vice-presidente da Câmara Municipal, Daltro Figur, enalteceu a importância da realização do evento, mas lamentou a necessidade de buscar direitos já assegurados na Constituição Federal. “Por parte da Câmara de Vereadores queremos dar o maior apoio a todos esses eventos que fazem o bem para a sociedade. Que bom que nós temos essa liberdade de procurarmos os nossos direitos. Isso é que é importante”, ressaltou.
O palestrante defendeu a discussão de políticas públicas para garantir o combate ao racismo. Carlos Alberto Caetano disse que o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial tem o papel de levar os municípios à construção dos concelhos municipais. “Lucas inaugurou agora o seu conselho municipal, nós fizemos a capacitação dos conselheiros, dialogando com os conselheiros, e nós esperamos deixar um pouco a discussão sobre o conceito de racismo, porque essa luta para que possa diminuir as relações é racializadas na sociedade por conta de que nós temos consequências diversas em relação a isso”.
Carlos Alberto lembrou que 56% da população brasileira é formada por negros e pardos, reforçando a necessidade de implantação de políticas específicas para reduzir as desigualdades existente através dos anos. “Mas nós temos ainda pesquisas, como aconteceu em 2001, agora pelo Senado, em que apresenta a realidade de nós termos 67 jovens negros assassinados por dia. A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado. Os últimos dados dos censos mostram que a mulher negra, ela aparece no pico dos indicadores de feminicídios. Há uma diferença salarial muito discrepante dentro do mercado de trabalho, quando se relaciona pessoas negras e não negras. Nós somos uma sociedade que, embora até tenha acontecido a chamada libertação, ‘entre aspas’, a gente continua vivendo uma condição de escravizados numa sociedade moderna e o que está se alterando é a forma com que o racismo acontecia e a gente precisa tratar também dos problemas que são problemas históricos nesse país”, defendeu.
Alunos da Alcateia Capoeira participaram da cerimônia de abertura.