Em uma palestra realizada esta semana na cidade de Lucas do Rio Verde, promovida pelo setor público local, foram divulgadas informações inverídicas relacionadas à orientação sexual de indivíduos autistas. O palestrante, afirmou erroneamente que 70% dos autistas seriam homossexuais, utilizando parte do capítulo sobre sexualidade no autismo, escrito pela Dra. Gediene Ribeiro no livro “Simplificando o Autismo”, como embasamento.
No entanto, a Dra. Gediene Ribeiro ( especialista em Transtorno do Espectro do Autismo) entrou em contato com a redação do CenárioMT e contesta veementemente essas alegações, destacando que o artigo utilizado pelo palestrante possui sérios erros na seleção de dados e pessoas, sendo desconsiderado pela comunidade científica devido às imprecisões cometidas pelo autor. A especialista reitera que em seu capítulo, baseado em estudos científicos rigorosos, não há respaldo para a afirmação feita durante a palestra.
Segundo a Dra. Gediene Ribeiro, estudos científicos recentes indicam que indivíduos autistas apresentam uma maior incidência de disforia de gênero e outras orientações não heteronormativas. No entanto, essa incidência não ultrapassa 1% da população autista, conforme esclarecido por pesquisas confiáveis.
Para esclarecer quaisquer dúvidas relacionadas a esse tema delicado e oferecer informações embasadas em ciência, a Dra. Gediene Ribeiro convida os pais de Lucas do Rio Verde para uma aula gratuita via Zoom. A data e o horário serão divulgados pela Associação Luverdense de Familiares, Amigos e Autistas.
A Dra. Gediene Ribeiro enfatiza seu compromisso em fornecer informações precisas e cientificamente embasadas, independentemente de visões ideológicas individuais, e coloca-se à disposição para prestar esclarecimentos adicionais.
Segue nota da autora enviada ao CenárioMT
Gostaria apenas de fazer um contraponto relacionado a palestra que levou informações inverídicas nesta semana na cidade de Lucas Rio Verde, promovido pelo setor público local.
Foi me informado que o palestrante em questão, relatou que 70% dos autistas seriam homossexuais. Foi me informado ainda que a secretária utilizou parte do capítulo que escrevi sobre sexualidade no autismo no livro Simplificando o Autismo, para corroborar com esta informação mentirosa.
Contudo, o artigo que este senhor utilizou para se embasar tal informação, tem sérios erros na seleção de dados e pessoas, sendo assim não foi relevante na comunidade científica e descartado pelos erros cometidos pelo autor de tal artigo. Já no meu capítulo eu afirmo que os autistas tem mais disforia de gênero (sofrimento em relaçao ao seu gênero de nascimento), mais indivíduos assexuais, homossexuais em relação aos indivíduos típicos.
Tal informação é baseada nos artigos “Elevated rates of autism, other neurodevelopmental and psychiatric diagnoses, and autistic traits in transgender and gender-diverse individuals”, “Broad Autism Phenotypic Traits and the Relationship to Sexual Orientation and Sexual Behavior”, “Sexual Behavior and Autism Spectrum Disorders: an Update and Discussion” e “Are Autism Spectrum Disorder and Asexuality Connected?” Onde se chegou a conclusão que devido as características autísticas como sistematização, empatia, sensibilidade sensorial, poderia corroborar com maior probabilidade de terem disforia de gênero e as demais inclinaçoes não heteronormativas. Contudo neste mesmo artigo, realta que poderiam ter entre 4 a 6x mais chances de terem DG.
Deste modo, em outro artigo diz que a DG, afeta 1:20000 homens típicos e 1:50000 mulheres típicas, enquanto os autistas seria 60:10000. O que daria menos de 1% da população ou seja os estudos sérios não associam a uma porcentagem maior que 1% da populaçao autista, completamente diferente de 70% como dito erroneamente durante a palestra proferida pelo psicanallista.
Com essa nota gostaria de deixar claro que o capítulo que escrevi em momento algum corrobora, ou afirma esta inverdade. Gostaria de deixar claro que as informações que escrevo em livro ou que publico em minhas redes sociais, são baseadas em artigos científicos feitos de maneira correta, levando informação adequada, pautada em ciência e independente de achismos ou visão ideológica individual.
Atenciosamente – Dra. Gediene Ribeiro – Pediatra, especialista em Transtorno do Espectro do Autismo.
Dra Gediene