Em entrevista, delegado de Lucas do Rio Verde detalha atuação de criminosos na ‘Prainha’

Fonte: Cenário MT/ João Ricardo

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Durante as diligências sobre o roubo que terminou com uma vítima morta, um investigado ferido e outros dois bandidos mortos, a Polícia Civil conseguiu mais detalhes do fato ocorrido na noite da última sexta-feira (26). Ainda na noite do crime, a polícia prendeu um dos participantes e outro continua foragido.

O integrante da quadrilha que estava internado devido a dois ferimentos de disparos, sendo um deles na perna e outro no ombro, recebeu alta hospitalar e nesse domingo (28) prestou depoimento por mais de uma hora ao delegado Daniel Santos Nery.

De acordo com o delegado que conduz as investigações, o depoimento teve riqueza de detalhes.

Este suspeito confessa naturalmente sua participação no roubo, até porque viu que são muitas as provas contra ele”, disse Nery.

Durante o roubo ocorrido por volta das 18h00 em uma chácara na região conhecida por ‘Prainha’, houve um confronto entre vítimas e ladrões. O suspeito em questão acabou sendo alvejado no ombro.

Ele (suspeito) relata que o grupo resolveu levar uma vítima, pois em razão desse confronto, eles demoraram muito para concluir o crime e devido aos tiros, a vizinhança já tinham chamado a polícia. Com essa expectativa de possível confronto com os policiais, os criminosos resolveram levar a vítima para usar como escudo humano ou para evitar que a guarnição atirasse contra eles”, ressaltou o delegado.

Logo que saíram do local do crime, os suspeitos tiveram o primeiro confronto com a Polícia Militar aos fundos do bairro Pioneiro.

Nesse primeiro confronto o investigado narra, que apesar de a PM estar ali sendo atacada, atirou somente nos pneus na tentativa de estourá-los”.

O segundo confronto aconteceu já na Avenida Emerson Valcanaia, paralela a MT/449, sentido ao bairro Téssele Júnior. Nesse momento a PM, de acordo com o delegado, atirou novamente nos pneus conseguindo estourar, fazendo com que o condutor perdesse o controle, batendo em uma cerca, às margens da avenida.

A partir daí houve o segundo confronto e o suspeito que morreu ainda no local, tentou segurar a vítima (Juliano Aparecido) para ele não fugir de dentro da camionete. Nessa de segurar, como a vítima era grande e tinha força, ele acabou disparando contra a mesma”, comenta o delegado.

Ainda durante o depoimento, o criminoso sobrevivente comentou que possivelmente o comparsa tenha atirado até sem querer em Juliano “pois ele (suspeito) estava desesperado e acabou disparando mais de uma vez, inclusive acabou acertando a perna de seu comparsa. Toda essa dinâmica do ocorrido confrontamos com depoimento de testemunhas e parece bem consistente mesmo, o interrogatório do rapaz que foi autuado em flagrante”.

De acordo com o delegado, uma das linhas investigativas do roubo seguido de morte, seria a princípio, um acerto de contas. “Um fato que chama nossa atenção e precisamos trabalhar nisso. Faz uma semana que eles (suspeitos) tiveram um desentendimento lá na Prainha. Em uma outra ocasião, o criminoso que faleceu no hospital (na madrugada de sábado) teria se desentendido e saiu de lá dizendo que voltaria para matar os seguranças e até o gerente, mas é uma linha que vamos delinear melhor. Mas somado ao fato de terem levado a vítima, chama a atenção e nos deixou na dúvida se eles realmente não tinham a intenção de concretizar aquilo que havia dito há uma semana”, revelou o delegado.

Nos próximos dias a polícia concluirá o inquérito e deve buscar novas informações para fechar o quebra-cabeça.

ANTES DO ROUBO A ‘PRAINHA’

Ante do roubo seguido de morte, porém, os suspeitos efetuaram outro roubo na cidade de Lucas do Rio Verde-MT, também na sexta-feira (26), por volta das 16h00.

De acordo com o delegado Daniel Nery, o grupo de criminosos formado por cinco integrantes, pediu um veículo de aplicativo, onde dois deles “renderam o motorista e se deslocaram para outro lugar mais reservado. Nesse local colocaram ele (vítima) no banco de trás, de cabeça baixa e receberam ajuda de mais um colega. Andaram muito pela cidade e pararam em um segundo lugar, colocaram o motorista de aplicativo no porta malas e posteriormente receberam ajuda de mais dois, totalizando cinco suspeitos”, ressaltou Nery.

Em depoimento à polícia, o motorista de aplicativo contou que conseguiu ouvir os suspeitos acertando detalhes de como iriam por em prática a ação criminosa na ‘Prainha’.

Depois de andarem por mais um período, chegaram ao local do crime, onde houve o primeiro confronto entre as vítimas e bandidos.

Na fuga, três dos criminosos foram na S-10, produto do segundo roubo, com a vítima como refém. Os outros dois ficaram para fugir no veículo de aplicativo, onde estava o motorista amarrado. Esses por sua vez, tiveram dificuldade de ligar o carro e fugiram a pé pela mata”, comentou Nery.

Algum tempo depois, ao ver que a situação estava calma, o motorista de aplicativo conseguiu se soltar, pegou o carro e foi para a delegacia dar queixa do roubo.

PRESO NO TÁXI

Um dos suspeitos que conseguiu fugir a pé do local do roubo pegou um táxi para retornar ao bairro Téssele Júnior. Porém, o suspeito foi preso, momento em que o motorista do táxi tentou furar o bloqueio policial, formado no local onde houve o último confronto com os criminosos que estavam na camionete em poder da vítima, Juliano Aparecido.

Pouco tempo antes da abordagem chegou uma informação para a equipe de investigação, dando conta de que mais um suspeito teria participação nos dois roubos. Estamos justamente no local combinando uma estratégia para vermos qual equipe iria atrás. Para nossa surpresa o táxi estava passando e o passageiro era esse rapaz que estávamos nos mobilizando para ir atrás. Fizemos o cerco e conseguimos esclarecer rapidamente, que ele (suspeito) estava envolvido nos roubos”, concluiu o delegado.

INVESTIGAÇÃO

Os criminosos integrantes do grupo estavam sendo investigados há muito tempo pela polícia.

Dois dos mortos teriam participação na execução do agente prisional Elison Douglas, ocorrido na noite do último dia 30 de junho no bairro Téssele Júnior.

O grupo teria envolvimento ainda, na morte de dois adolescentes, ocorrida no início da madrugada do dia 30 de maio em uma mata, entre os municípios de Lucas do Rio Verde e Sorriso. Na ocasião, um terceiro menor conseguiu sobreviver a execução, ao se fingir de morto.

E durante uma operação realizada pelas polícias Civil e Militar, em meio a mata, nas proximidades do bairro Téssele Júnior as equipes foram recebidas a tiros pelo grupo criminoso.

 

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Possui experiência em produção textual e, atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT produzindo conteúdo sobre a região norte de Mato Grosso.