Botão do Pânico ajuda a salvar vidas de mulheres em Lucas do Rio Verde

Aplicativo é parte do trabalho de combate à violência de gênero pela rede de apoio e enfrentamento

Fonte: Redação CenárioMT com Assessoria

uso do Botão do Pânico cresce em Mato Grosso
uso do Botão do Pânico cresce em Mato Grosso Ascom Prefeitura/ Anderson Lippi

Demorou cerca de sete anos para que Simone* conseguisse tomar coragem para denunciar seu agressor, enfrentando ao longo desse tempo um relacionamento abusivo. Graças ao Botão do Pânico, recurso garantido pela Prefeitura em 2022, que funciona por meio de um aplicativo, ela teve sua vida salva no momento que mais precisava e aquele que a ameaçava foi detido pelas autoridades.

“Eu largava dele e ele não largava de mim. Registrei boletim de ocorrência, que ele estava me agredindo com palavras, com ofensas, injúria e difamação. Me mandaram instalar o Botão do Pânico. Depois de um mês ele voltou, quando apertei o aplicativo e não deu nem dez minutos já encostou a viatura. Se não tivesse chegado, poderia acontecer algo pior”, descreve a mulher sobre os abusos psicológicos e o momento em que seu agressor foi preso.

A história desta mulher é, infelizmente, similar à de muitas outras mulheres, mas foi a coragem para denunciar e a busca por apoio para enfrentar a violência que fizeram a realidade por ela enfrentada ser diferente – e não ter um possível desfecho trágico.

Além do Botão do Pânico para mulheres com medida protetiva, são grandes os esforços da gestão municipal para apoiar o trabalho das forças de segurança no combate à violência de gênero, por meio das secretarias de Segurança Pública e de Assistência Social.

Entre as medidas fomentadas pelo Município, a construção do Núcleo de Atendimento à Criança, Adolescente, Idoso e à Mulher é uma delas. Inaugurado em 2021, o espaço alocado à Delegacia da Polícia Civil foi criado especialmente para acolher, de forma humanizada, mulheres vítimas de violência, com apoio psicológico e de assistência social às vítimas.

“Ele era muito agressivo com palavras, me xingava, ameaçava de morte. Eu denunciava e ele vinha aqui bêbado, querendo quebrar tudo. Se eu falava para ele ‘eu não quero mais’, ele vinha aqui querendo quebrar tudo. Entrava, invadia minha casa para me agredir. Eu ficava em pânico, era oprimida. Ele não queria que eu saísse na rua”, expõe a vítima, sobre os abusos sofridos.

Outra ação complementar a esse trabalho foi a aquisição de uma viatura da Guarda Civil Municipal exclusiva para o atendimento dessas ocorrências, caracterizada com o selo do projeto Patrulha Maria da Penha. Atualmente, 107 mulheres com medida protetiva estão sendo acompanhadas pela Guarda por meio do Botão do Pânico e, no ano passado, foram 11 acionamentos.

“Muitas vezes elas acham que não é necessário, que está tudo tranquilo e a situação não é tão grave assim. O aplicativo é uma ferramenta de muita agilidade para conseguirmos atender com rapidez, pela localização, que mostra onde aquela vítima está na hora do acionamento. As mulheres podem se sentir abraçadas e devem denunciar, procurar essa rede de apoio”, contou uma das agentes à frente do atendimento do aplicativo, Guarda Municipal, Tatiane Bento.

Em 2022, foram registradas 101 mortes violentas de mulheres no estado de Mato Grosso, uma delas em Lucas do Rio Verde, conforme a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).

A delegada de polícia do município, Ana Terra, reforça que a violência contra a mulher pode ocorrer de diversas maneiras e não apenas com agressão física, mas também psicológica, moral, sexual e patrimonial.

“Na maioria das vezes, o ciclo da violência doméstica dura anos e vários términos, até que seja possível confirmar que existia aquele ciclo. Os homens que tendem a manter um relacionamento abusivo constroem uma autoimagem de parceiro perfeito, de pai perfeito, e dificultam essa revelação pela mulher. Eles oscilam entre situações de ameaça, xingamento, para uma de perfeição, companheirismo, e isso acaba fazendo com que a mulher fique com dúvida se ela vive ou não um relacionamento abusivo”, esclareceu a delegada.

Pela Secretaria de Assistência Social, as estruturas do Cras e Creas também estão à disposição, ofertando, inclusive, cursos de formação e capacitação, como uma forma de incentivo às vítimas que sofrem também por conta de dependência financeira.

Denuncie a violência

O número de emergência em situações graves e que exigem socorro imediato é o 190. Para registrar qualquer denúncia, basta ligar para 197, 180 e 181. Todas as denúncias são sigilosas.

*Nome fictício adotado para preservar a vítima. 

Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.