A ALFFA (Associação Luverdense dos Familiares, Amigos e Autistas) lançou ontem (18) uma nota de repúdio contra a palestra proferida pelo pedagogo Geraldo Peçanha. Ela aconteceu na quarta-feira (17) e após sua realização, ocorreram diversas manifestações de indignação na página da entidade na internet.
A palestra “Deficiências, Inclusão, Escola e a Responsabilidade de Todos: Caminhos” faz parte das ações da Secretaria Municipal de Educação relativo ao mês de Conscientização sobre o Autismo – Abril Azul. Peçanha, inclusive, vem realizando capacitações dos profissionais que atuam na educação de Lucas do Rio Verde.
Na página da ALFAA, familiares de autistas fizeram vários questionamentos a respeito da abordagem de Peçanha sobre o tratamento de pessoas com espectro autista. Uma delas é relacionada à medicação e terapia. Na manifestação, os familiares questionaram o embasamento adotado pelo palestrante para justificar as declarações.
Também foi questionada declaração sobre a sexualidade de pessoas autistas, de que apenas 30% dos portadores de TEA são heterossexuais., afirmando que tal pesquisa que foi realizada no ano de 2018, que a grande maioria dos autistas são homossexuais, bissexuais, transsexuais, entre outros. Tal afirmação é questionada pelos pais que dizem não haver embasamento científico para tal uma vez que a pesquisa não foi validada, tendo sido realizada pelo facebbok, atingindo publico específico, na representando a realidade das pessoas com TEA.
Ontem a tarde, a reportagem de CenárioMT foi ao trabalho de capacitação realizado por Geraldo Peçanha junto a profissionais da rede pública. Após a capacitação, o pedagogo conversou com a imprensa e disse que terapia é apenas parte do tratamento, pois o aluno autista passa poucos momentos realizando esse procedimento, ficando a maior parte do tempo em família. Peçanha declarou que terapia, medicação e o trabalho inclusivo do Poder Público são essenciais.
A entrevista não foi finalizada pois quando questionado por um integrante de um movimento popular local sobre a sexualidade de pessoas autistas, Peçanha explicou que faria uma live no próximo dia 29 com um especialista no assunto. Porém, indagado sobre a declaração na palestra, o pedagogo acabou deixando o auditório onde estava sendo realizada a capacitação.
Na nota emitida ontem, além de repudiar o posicionamento de Geraldo Peçanha, a ALFAA cobra alguns posicionamentos da Secretaria de Educação e Prefeitura Municipal. A entidade quer, por exemplo, que o PEI (Plano Educacional Individualizado) seja flexível e possa ser formulado com participação da comunidade.
A entidade quer ainda um posicionamento do Poder Público. “Por fim, é de suma importância que a Prefeitura Municipal de Lucas do Rio Verde-MT manifestasse a fim de que esclareça os fatos narrados e quais as atitudes que serão tomadas”, diz a nota.
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Nota de Repúdio
A ALFAA – Associação Luverdense dos Familiares, Amigos e Autistas vem expressar seu total REPÚDIO a palestra proferida por Geraldo Peçanha Almeida intitulada “DEFICIÊNCIAS, INCLUSÃO, ESCOLA E A RESPONSABILIDADE DE TODOS: CAMINHOS” no mês de Conscientização sobre o Autismo – Abril Azul realizada pela Secretaria Municipal de Educação de Lucas do Rio Verde – MT, em 17/04/2024, na Câmara Municipal de Lucas do Rio Verde.
As diversas falas sem qualquer comprovação científica, minimizando a importância das terapias na vida de crianças autistas, bem como o uso de medicação, causa indignação a todas as famílias que batalham arduamente por um mundo mais inclusive para seus filhos. Essa minimização além de absurda é perigosa e pode desmotivar muitos pais em relação aos tratamentos necessários para o desenvolvimento e bem-estar de seus filhos.
Nos causa profundo espanto é que o Plano Educacional Individualizado (PEI) será implementado e utilizado pelo período de um ano, e os pais não poderão questionar após a assinatura. É fundamental ressaltar que o PEI deve ser flexível a alterações e reavaliações periódicas, de acordo com as necessidades individuais da criança. A imposição de restrições à participação dos pais nesse processo vai contra os princípios básicos de uma educação inclusiva e personalizada.
A falta de embasamento científico em relação às afirmações do palestrante sobre a disforia de gênero associada ao autismo. É imprescindível que qualquer informação compartilhada em um contexto educativo seja respaldada por evidências científicas confiáveis, especialmente quando se trata de assuntos tão sensíveis como a sexualidade. Relatando “apenas 30% das pessoas autistas (atípicas) em um estudo de 2018 foram identificadas como heterossexuais, em comparação com 70% do grupo típicos Ou seja, a grande maioria dos autistas são homossexuais, bissexuais, transsexuais, entre tantos outros”, causando indignação nas famílias pela forma como foi abordado, sem trato com a questão de identidade de gênero e identificação das crianças.
Sabemos a importância e a responsabilidade no cuidado de nossos filhos autistas, é fundamental que eles também recebam acolhimento, orientação e suporte adequados. A escola e a saúde são direitos fundamentais de todas as crianças, e colocar toda a responsabilidade no âmbito familiar, é injusto em inadequado.
O Poder Público, como todo sabemos, tem o DEVER de proteger zelar e cuidar dos munícipes, especialmente aqueles que necessitem condições especiais para se desenvolver dignamente. Minimizar o papel do Poder Público não contribui com a inclusão que tanto batalhamos, o que precisamos é de uma sociedade forte, inclusiva, participativa e honesta.
Esperasse que o município forneça palestras com embasamento científico, profissionais capacitados, sem falas tendenciosas e agressivas. Por fim, é de suma importância que a Prefeitura Municipal de Lucas do Rio Verde-MT manifestasse a fim de que esclareça os fatos narrados e quais as atitudes que serão tomadas.