.Caciques e cacicas de 14 aldeias da Terra Indígena de Maraiwatsédé, localizada em Alto Boa Vista (a 1.064 km de Cuiabá), em Mato Grosso, realizam um ato parabenizando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O motivo foram as escolhas da ativista Sônia Guajajara para o Ministério dos Povos Indígenas e da deputada federal Joênia Wapichana (Rede-RR) para o comando da Funai.
Em vídeo, o cacique Damião Paridzané afirmou que o povo xavante que vive na TI Maraisatsédé comemorou a posse do petista, com a participação de duas líderes indígenas no novo Governo. Ele também solicitou uma agenda com o presidente Lula, para apresentar demandas dos povos indígenas.
“É uma grande vitória para nós os povos indígenas. Fiz o vídeo, porque não tive tempo pra ir (para a posse), porque estou com problema de saúde. Eu tinha vontade de ir pra participar e acompanhar”, explicou o cacique Damião.
Além do vídeo, o cacique fez uma carta com assinatura dos caciques, cacicas e moradores das 14 aldeias da TI. “Esperamos com muita confiança contar com a Vossa Senhoria para podermos dialogar a respeito dos nossos desafios e tratar os problemas em geral, para assim ficar bem com vossa senhoria, nos entendermos melhor”.
Relação com a Funai
Durante o último ano do Governo Bolsonaro, as lideranças da Terra Indígena de Maraiwatsédé denunciaram por diversas vezes o descaso da Funai com o povo xavante. Principalmente na saúde pública.
Em setembro do ano passado, uma criança indígena morreu em uma das aldeias e os caciques e cacicas da TI fizeram uma manifestação mostrando a falta de medicamentos.
Além disso, eles denunciaram o descaso da Funai em auxiliar os indígenas nas parcerias para o arrendamento de pastos. A prática gerou problemas para os mais de dois mil moradores das aldeias que ficam na TI. Na época, o ex-diretor da Regional de Ribeirão Cascalheira foi preso.
Ex-presidente da Funai
Em vários momentos os líderes indígenas chegaram a solicitar a troca do presidente da Funai, na época, Marcelo Xavier.
Em maio de 2022, foi divulgado um áudio de uma suposta conversa entre Xavier e um servidor da Funai preso por arrendar áreas da Terra Indígena Marãiwatsédé, do povo Xavante, em Mato Grosso. O caso teve repercussão nacional em agosto, em publicação do Jornal O Globo.
Na gravação, Xavier pede que o servidor fique “tranquilo” pois ele iria procurar as corregedorias da Polícia Federal para “atuar nisso”. “Pode ficar tranquilo aí que você tem toda a sustentação aqui. Pode ficar sossegado”, disse Xavier.