A rotina de transporte diário de carga viva e frágil pela BR-163, em Mato Grosso, uma das rodovias mais perigosas do Centro-Oeste, resultou em uma condenação da Justiça do Trabalho a uma transportadora. O motorista, responsável pelo transporte de pintinhos retirados da incubadora, desenvolveu depressão recorrente devido à jornada exaustiva e à pressão relacionada aos horários de carga e descarga.
Ao apresentar reclamação trabalhista na Vara de Nova Mutum, o motorista, empregado da transportadora desde 2016, afirmou ter desenvolvido Síndrome de Burnout e ansiedade generalizada. Ele alegou que os sintomas surgiram devido à carga de trabalho intensiva e à pressão relacionada aos horários, afetando sua capacidade de trabalho.
A transportadora contestou as alegações, negando a origem ocupacional das enfermidades e argumentando que fornecia informações sobre os horários de carregamento com antecedência. No entanto, a perícia médica confirmou o quadro de transtorno depressivo recorrente, atribuindo parte da responsabilidade à empresa.
O laudo médico indicou incapacidade laboral parcial e temporária, estimada em 25%, com 12,5% da responsabilidade atribuída à empresa. Diante disso, a Justiça do Trabalho condenou a transportadora a pagar R$ 5 mil em reparação por danos morais, considerando a extensão do dano ao longo do tempo, o grau de culpa da empresa e a capacidade econômica das partes envolvidas.
Além da indenização, a decisão determinou que a transportadora cubra as despesas com tratamento médico, incluindo remédios, acompanhamento psicológico e consultas médicas. A empresa foi obrigada a disponibilizar tratamento por um ano, visando à recuperação do motorista. Cabe recurso ao Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT/MT), uma vez que se trata de decisão de 1ª instância.
A Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de exaustão física e mental, geralmente associado ao ambiente de trabalho. Ela é frequentemente observada em profissionais que enfrentam situações de estresse crônico e prolongado, especialmente aqueles que desempenham atividades intensivas, como profissionais da saúde, professores, policiais, entre outros.
Os principais sintomas da Síndrome de Burnout incluem exaustão emocional, despersonalização (sentimentos de cinismo e distanciamento em relação ao trabalho) e redução da realização pessoal no ambiente profissional. Os afetados podem sentir-se esgotados, desmotivados, e apresentar dificuldades de concentração, irritabilidade e alterações no sono.
Essa síndrome é reconhecida como um problema de saúde ocupacional, e a prevenção envolve a promoção de ambientes de trabalho saudáveis, estratégias para gerenciar o estresse e apoio psicológico. Em casos mais severos, pode ser necessário afastamento do trabalho para tratamento adequado, que pode incluir acompanhamento psicológico, psiquiátrico e mudanças no ambiente profissional para redução do estresse.