Em sessão do Tribunal do Júri na comarca de Campo Verde (a 131km de Cuiabá), Paulo André de Oliveira foi condenado, na quinta-feira (7), a 32 anos e um mês de reclusão pelo feminicídio da companheira Bruna Francisca da Silva e por lesão corporal provocada na sogra Abadia de Fátima da Silva.
Conforme o promotor de Justiça que atuou no julgamento, Arivaldo Guimarães da Costa Junior, essa é a maior pena aplicada na história da comarca. O réu deverá cumpri-la em regime inicialmente fechado, sem direito a apelar da sentença em liberdade.
De acordo com a denúncia oferecida pela Promotoria de Justiça Criminal de Campo Verde, o crime aconteceu em julho de 2019, na residência do casal, na zona rural do município.
O acusado, “prevalecendo-se das relações domésticas, por motivo fútil, com emprego de meio cruel e por menosprezo à condição do sexo feminino de sua companheira”, desferiu golpes com instrumento cortante contra a vítima, provocando-lhe a morte em decorrência de lesão neurológica por fraturas no crânio. O crime foi praticado na frente da mãe de Bruna Francisca e das duas filhas do casal. Ao mesmo tempo, o réu ainda “ofendeu a integridade corporal de sua sogra”.
Conforme apurado durante a investigação, Bruna convivia maritalmente com o denunciado. Em data anterior à dos fatos, Bruna já teria se separado de Paulo André em razão de agressões físicas sofridas, porém reatado o relacionamento em razão das filhas e de ele ter prometido mudar de comportamento.
A mãe de Bruna, que morava em Rondonópolis, foi convidada pelo casal para ficar com as filhas enquanto eles iriam para a “Expoverde”.
No dia da festa, o casal foi de táxi até o Parque de Exposições, enquanto Abadia ficou cuidando das netas. Na hora de voltar para casa, como não encontraram condução, Bruna resolveu ir a pé e Paulo ficou. Ele então decidiu ir atrás da companheira, quando, no meio do caminho, avistou o mesmo táxi que os havia levado. No carro, ele foi atrás da companheira e, quando a avistou, supôs que ela estava lhe traindo com um terceiro indivíduo. Bruna entrou no carro, onde tiveram uma breve discussão e foram para casa.
Quando chegaram na residência, ele passou a agredi-la e ela gritou por socorro. A mãe levantou e foi verificar o que estava acontecendo, “ocasião em que se deparou com o denunciado xingando a ofendida Bruna de vagabunda e desferindo-lhe chutes e socos, enquanto ela estava caída no chão”. Abadia tentou interferir, mas foi atingida pelo genro e trancada junto com as filhas do casal dentro de um quarto. O acusado arrastou a vítima para um barraco no fundo da casa e prosseguiu com as agressões por horas, até Bruna falecer.