Uma jovem de 24 anos que tem paralisia cerebral se formou em enfermagem pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), campus de Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá. Bruna Mikaelle Salapata colou grau no último dia 8. Ela contou que sofreu preconceito porque as pessoas não compreendiam a condição física dela.
O curso de enfermagem tem duração regular institucional de cinco anos. A formanda iniciou os estudos em meados de 2013. Ficou um ano sem estudar devido a problemas de saúde, entre 2015 e 2016. A colação de grau foi em agosto deste ano.
Bruna disse que sofreu preconceito e que algumas pessoas não a respeitavam e não a ajudavam, apesar da limitação física dela, aparente pelo uso de muletas e mobilidade reduzida.
“Eu já caí várias vezes no chão no ponto de ônibus, na fila, porque as pessoas me empurravam. E mesmo eu caída no chão não me ajudavam mesmo assim, algumas. Eu ouvia que eu podia esperar na fila, pois já teriam que me ceder lugar no ônibus. Infelizmente, não entendiam o meu problema”, contou.
Marlene Salapata, mãe de Bruna, contou que descobriu a doença da filha quando ela tinha um ano e meio de idade. A paralisia cerebral comprometeu a mobilidade. Ela não tem coordenação nos membros inferiores, nas pernas. A causa foi uma complicação durante a gestação.
A mãe disse que, aos seis meses de gravidez, a bolsa rompeu e Bruna ficou 72 horas sem oxigenação no cérebro, o que comprometeu a saúde da filha. Com quatro anos de idade, Bruna realizou a primeira cirurgia e, desde então, faz acompanhamento médico e uso frequente de medicamentos.
“No início foi difícil, pois não aceitavam a condição de saúde dela. Mas sempre a incentivamos. Dizíamos para seguir em frente e continuar no caminho, pois iria conseguir”, relatou Marlene, ao contar que a filha teve muitas dificuldades e sofreu preconceito tanto na rua quanto na instituição de ensino.
A coordenadora do curso de enfermagem, Daniela do Carmo Oliveira Mendes, disse que a aluna sempre foi dedicada e interessada. Os professores tinham um apreço por Bruna e que a turma compreendia a atenção dada à ela. A faculdade tem protocolos de acessibilidade e que, segundo ela, foram cumpridos com zelo.
Daniela explicou que a aluna teve todo o apoio pedagógico do curso e da instituição e também dos acadêmicos. Impressionava o incentivo dos colegas para os compromissos acadêmicos e para o deslocamento até as unidades de saúde para a realização de estágios supervisionados, pois se preocupavam com ela.