Três faculdades particulares do estado do Mato Grosso são investigadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) por suspeitas de participarem de um esquema que fraudava o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).
Segundo reportagem do Fantástico do domingo (16), as instituições antecipavam a formatura de estudantes que tiravam notas baixas para que não participassem do exame.
O objetivo do Enade é avaliar as instituições de ensino. Ele substituiu o chamado Provão, em 2004.
Gravações revelam o esquema
Em gravações de reuniões da diretora com professores, obtidas pelo Fantástico, ela diz: “Vocês têm que parar tudo e só intensificar Enade.” Em outro trecho, ela acrescenta: “Do jeito que nós estamos, a gente nunca vai sair de protocolo de risco.”
Protocolo de risco é a série de sanções aplicadas pelo MEC a faculdades que se saem mal no Enade. Em 2015, as três faculdades em questão tiveram notas baixas – 1 ou 2, quando o máximo é 5. A última aplicação do Enade foi em 2018.
A repetição do mal resultado poderia levar à primeira sanção: diminuir o número de alunos nas faculdades. A reunião foi um mês antes do exame.
“Nós vamos ter que colocar goela abaixo. Porque senão o meu Enade vai ser zero”, diz Maria Aparecia Enes Andrade.
A maior parte da nota do Enade (55%) sai de uma prova que é feita por estudantes veteranos, ou seja, que já tenham cumprido pelo menos 80% do curso. A direção da faculdade deu um jeito para garantir que só os bons alunos fizessem o Enade.