O número de famílias com contas em atraso subiu em Cuiabá entre outubro e novembro, passando de 16% para 17,1%, conforme levantamento divulgado nesta quinta-feira (11) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Mesmo com essa alta, o endividamento geral permaneceu estável no período, mantendo o índice de 84,8%.
Os dados reforçam que, embora a busca por compras a prazo continue alta, mais famílias têm encontrado dificuldade para cumprir prazos de pagamento. A análise é do Instituto de Pesquisa da Fecomércio Mato Grosso (IPF-MT), que aponta estabilidade tanto no endividamento quanto na inadimplência, esta última ainda abaixo de 20% desde agosto de 2024.
Segundo o presidente da Fecomércio-MT, Wenceslau Júnior, o cenário atual combina aumento da inadimplência com menor confiança das famílias na capacidade de quitação de dívidas. Ele ressalta que muitos consumidores têm priorizado apenas gastos essenciais e reorganizado o orçamento para evitar novos compromissos financeiros.
Esse comportamento aparece na pesquisa da CNC. Quando questionadas sobre a possibilidade de quitar contas em atraso, 38,2% das famílias afirmaram que devem conseguir pagar apenas parte do que devem. Outras 30,9% disseram não ter condições de quitar as dívidas, enquanto o mesmo percentual demonstrou expectativa de pagamento integral.
O levantamento também detalha a percepção sobre o nível de endividamento. A maioria, 45,5% dos entrevistados, declarou estar pouco endividada. Já 30,6% se consideram “mais ou menos” comprometidas financeiramente, enquanto 8,7% afirmaram estar muito endividadas. A pesquisa mostra ainda quais modalidades mais pesam no orçamento: o cartão de crédito permanece como principal origem das dívidas, representando 85,4% dos casos, seguido pelos carnês (20,7%).
No financiamento de bens, o levantamento indica que 6,2% das dívidas estão vinculadas a veículos, 4,9% a imóveis e 4,7% ao crédito pessoal. Esses percentuais ajudam a ilustrar como o consumo parcelado continua sendo um recurso amplamente utilizado pelas famílias da capital, mesmo em um período de maior cautela no planejamento financeiro.
Comparação com o cenário nacional
Enquanto Cuiabá registrou crescimento na inadimplência, o levantamento da CNC mostrou movimento oposto no país. A proporção de famílias endividadas caiu de 79,5% em outubro para 79,2% em novembro, reduzindo o total de 13,37 milhões para 13,33 milhões de lares com dívidas. O número de famílias inadimplentes também diminuiu, passando de 5,23 milhões para 5,15 milhões, encerrando uma sequência de altas que vinha desde abril.
Para a Fecomércio-MT, essa comparação evidencia um quadro mais favorável à capital mato-grossense. Embora o país apresente menor proporção de famílias com contas a prazo, o índice nacional de inadimplência é mais de dez pontos percentuais maior que o registrado em Cuiabá. Os dados foram divulgados pela CNC e analisados pelo IPF-MT.





















