Maria da Penha Silva Freitas, 68 anos, corre risco de amputação da perna direita caso não seja realizada uma cirurgia vascular denominada ponte aorto-femoral, segundo relato médico. A idosa deu entrada no Pronto-Socorro de Cuiabá no dia 15 de janeiro e saiu de lá depois de dois meses e seis dias.
Após ser procurada pela família de Maria da Penha, a Defensoria Pública entrou com pedido de tutela de urgência para determinar que o Estado de Mato Grosso submeta a idosa ao procedimento cirúrgico. A liminar foi concedida pelo juiz Wladys Roberto Freire do Amaral no dia 14 de fevereiro.
Na decisão, o magistrado determinou que a cirurgia fosse realizada no prazo máximo de 24 horas sob pena de imposição de multa diária. Apesar disso, Maria da Penha, moradora do bairro Novo Paraíso 2, em Cuiabá, não só não fez a cirurgia como também foi mandada para casa. “O médico disse que ela poderia pegar uma infecção hospitalar”, afirmou Luzenir da Silva Freitas, 49 anos, filha da idosa.
De acordo com Luzenir, o médico que atendeu sua mãe atestou que ela precisa fazer uma cirurgia vascular aberta com colocação de prótese na perna direita. “Já era para ter feito. Ele fez o encaminhamento dela para o Hospital Geral Universitário (HGU) no dia 26 de janeiro, mas ela não foi até hoje”, relatou.
“Como a liminar não foi cumprida, vamos entrar com uma nova petição solicitando a realização da cirurgia com urgência. O Estado tem que cumprir seu dever de prestar serviços de saúde à população”, afirmou a defensora pública Shalimar Bencice e Silva.
A idosa, que vive da pensão do falecido marido (ele morreu em 1999), também sofre com diabetes, hipertensão, colesterol alto e outros problemas de saúde. “A situação dela está muito feia. Estamos fazendo curativo em casa todo dia e também vamos ao Hospital Júlio Müller para fazer curativo uma vez por semana”, contou a filha.
“O pessoal do Júlio Muller disse que eu deveria aguardar porque o pessoal do HGU ia me ligar para agendar a consulta e fazer novos exames, mas até agora nada”, disse.
Luzenir afirma que está revoltada com a situação da sua mãe. “Quem foi reclamar na TV conseguiu vaga no HGU rapidinho. Por que a minha mãe não consegue uma vaga de forma normal? Agora, ela está com a perna desse jeito, precisa ser carregada para tomar banho, correndo risco de ser amputada, sendo que tem salvação”, indagou.
A filha da idosa conta que não sabe até quando vai conseguir pagar pelas fraldas, medicamentos e o carro para levar a mãe ao hospital toda semana. Por causa dessas complicações, Luzenir teme pelo pior. “Fiquei sabendo ontem que um senhor que estava na sala verde do Pronto-Socorro morreu na quinta-feira (28/3) com o mesmo problema da minha mãe. Ele tinha que fazer cirurgia e foi mandado para casa também. Isso é uma irresponsabilidade desse hospital. Não é parente deles, por isso fazem isso”, desabafou.