O governo de Mato Grosso, liderado por Mauro Mendes (União), está em negociações para vender os vagões e todo o material rodante do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) para o governo da Bahia. Inicialmente projetado para a Copa do Mundo de 2014, o VLT teve suas obras paralisadas e foi substituído pelo sistema de Bus Rapid Transit (BRT). Agora, o governo busca soluções para a transferência dos trens para Salvador.
As tratativas com a empresa CAF Brasil, integrante do Consórcio VLT, foram iniciadas para discutir a logística necessária para o transporte dos trens até Salvador. Afonso Florence, secretário chefe da Casa Civil da Bahia, informou que múltiplas negociações estão em andamento. Ele mencionou a participação do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) e do Ministério Público nas discussões logísticas.
O principal entrave nas negociações é o valor da venda. O governo de Mato Grosso estipulou o preço em R$ 1,2 bilhão, enquanto o governo baiano ofereceu R$ 700 milhões, justificando a depreciação dos ativos devido à sua fabricação há mais de 10 anos. As negociações são mediadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), cujo grupo de trabalho sobre o tema foi prorrogado até o final de maio pela Secretaria de Controle Externo de Solução Consensual e Prevenção de Conflitos (SecexConsenso).
O consórcio que inclui a CAF Brasil, juntamente com as empresas C. R. Almeida S/A Engenharia de Obras, Santa Barbara Construções S/A, Magna Engenharia e ASTEP Engenharia Ltda., comprou 40 trens e 240 vagões em 2013 por R$ 600 milhões. Esses trens começaram a chegar a Cuiabá em uma grande operação naquele ano.
Em 2017, a CAF Brasil foi um dos alvos da Polícia Federal na Operação Descarrilho, que investigou um esquema de pagamento de propina relacionado à construção do VLT. As empresas envolvidas pagaram cerca de R$ 18 milhões em propinas, aproximadamente 3% do valor da obra de engenharia, orçada em R$ 600 milhões. O ex-secretário Pedro Nadaf revelou que o então governador Silval Barbosa pretendia investir 8 milhões de euros em propinas da empresa espanhola CAF. Silval confirmou o acordo, mas afirmou que ocorreu após a licitação, que ele alegou ter sido realizada sem irregularidades.
O destino do VLT de Mato Grosso ainda está em aberto, com negociações complexas em andamento e vários fatores a serem resolvidos antes que qualquer transferência possa ocorrer. A venda dos vagões para a Bahia pode representar uma solução para o material que atualmente está parado, mas depende de um acordo financeiro aceitável para ambas as partes e da superação dos desafios logísticos envolvidos.