O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), levantou a hipótese de que parte dos incêndios florestais que vêm assolando o estado tenham sido causados por ação criminosa e orquestrada. Em entrevista à imprensa, Mendes afirmou: “O que cai do céu é chuva. Fogo não cai do céu”.
A suspeita do governador ganhou força após o Corpo de Bombeiros registrar um aumento significativo no número de incêndios florestais no último domingo (1º), com cerca de 1.600 focos de calor detectados em todo o estado.
Embora reconheça que a estiagem e o clima seco contribuem para a propagação das chamas, Mendes alerta para a possibilidade de ações criminosas: “O clima está seco e, lamentavelmente, tem uns caras aí que mereciam estar na cadeia. Por favor, denunciem! Vamos prender quem está metendo fogo no Brasil inteiro. Não é só em Mato Grosso. É em São Paulo, Amazônia…”, afirmou.
Questionado sobre a possibilidade de uma ação orquestrada, similar àquela levantada pelo governo federal em relação aos incêndios em São Paulo, Mendes não descartou essa hipótese: “Dá para imaginar que sim, mas não posso afirmar isso. Agora, é muita coincidência pipocar fogo no Brasil inteiro. O tempo seco está ajudando, mas não é a primeira vez que fica seco, não é a primeira vez que tem onda de calor. O que está acontecendo que tem fogo no Brasil inteiro?”, provocou.
Diante da gravidade da situação, os bombeiros de Mato Grosso reforçam a importância das denúncias, que podem ser feitas pelos números 193 ou 190. A população é convidada a colaborar com as autoridades para identificar e punir os responsáveis por esses crimes ambientais.
Incêndios em Mato Grosso
O Mato Grosso enfrenta uma crise ambiental sem precedentes. O estado lidera o ranking nacional de queimadas em 2024, com um número alarmante de 24,8 mil focos de incêndio, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A situação é ainda mais grave em agosto, com mais de 13,6 mil focos registrados, superando o total dos sete meses anteriores.
A combinação de uma seca severa, a pior em anos, e a falta de chuvas tem agravado a situação, especialmente em áreas como o Pantanal e a Chapada dos Guimarães. Diante da gravidade da crise, o governo estadual decretou situação de emergência por 180 dias.
A WWF Brasil alerta que o número de focos de incêndio na Amazônia também é o maior desde 2004, demonstrando a dimensão do problema em todo o país. A instituição destaca que, apesar da queda no desmatamento nos últimos dois anos, a prática de utilizar o fogo para “limpar” áreas desmatadas continua sendo uma ameaça significativa para a floresta e a savana.