O fogo que começou há um mês no Pantanal mato-grossense transformou a Transpantaneira, estrada que corta a região, num caminho perigoso. Duas pontes foram destruídas e as chamas não pararam.
Os funcionários das pousadas tiveram que ajudar os bombeiros para não perderem tudo. Os prejuízos são incalculáveis.
Dono de uma pousada na região, João Paulo Falcão disse que as chamas chegaram até perto do local.
“Um desespero! A gente só queria tentar apagar o fogo o mais rápido possível para não queimar mais, e tão perto de casa. Queimaram trilhas, torre de observação de pássaros e outros animais. Tudo das nossas trilhas foi destruído pelo fogo”, afirmou.
Uma fazenda na região tem um patrimônio natural de valor incalculável, que precisa ser protegido do fogo. Trata-se de um dos maiores refúgios de araras-azuis do país.
As aves podem se reproduzir em buracos que fazem nas árvores ou nesses ninhais artificiais. Segundo o Instituto Arara Azul, em 2001, 248 aves viviam no local e hoje são mais de 700.
O gado fugiu pelo mato para tentar sobreviver e 80% da vegetação e dos frutos, que servem de abrigo e alimento para as aves, foram queimados.
O gerente de uma fazenda na região, Marcelo Batista Sena, disse ter encontrado muitos animais mortos. “O impacto é enorme. Acabei de encontrar um veado morto, macaco morto. A destruição vai ser enorme. Eu não sei como nós vamos conseguir fazer para reconstruir tudo que danificou até agora”, disse.
De janeiro até agora, 820 mil hectares do pantanal foram queimados só em Mato Grosso, o que representa um aumento de mais 2.000% em relação mesmo período do ano passado, quando foram 35 mil.
Para a doutora em meio ambiente e desenvolvimento regional, Neiva Guedes, o maior problema das queimadas no Pantanal é o impacto direto com a perda da fauna que tem uma importância ecológica no ecossistema. “No futuro o impacto é indireto com o aumento da predação de muitos animais, a falta de abrigo para a reprodução e também a questão dos alimentos, vão faltar alimentos e com certeza vai aumentar a morte e a briga entre estes animais”, explicou.