Uma capela construída na área rural em homenagem a uma jovem de 17 anos, que morreu na década de 40, tem atraído centenas de pessoas. Os fieis que frequentam a Capela Santa da Cruz, que fica no meio do cerrado, em Poxoréu, a 259 km de Cuiabá, atribuem milagres à ela. A Igreja Católica está estudando os casos para a canonização.
Os fieis acreditam que receberam milagres graças à intercessão de Maria Antônia da Cruz, mais conhecida como Maria da Cruz, que morava em Poxoréu e morreu em meados de 1940 em decorrência da hanseníase – doença que à época era conhecida como lepra.
A cidade localizada no sudeste do estado tem pouco mais de 17 mil habitantes e os relatos de milagres são comuns entre os moradores e comunidades da região.
A capela foi construída no local onde a jovem teria sido enterrada.
A estrutura foi construída em 2001 por um fazendeiro.
A aposentada Maria Galvão contou que em outubro de 2018 recebeu um milagre, em favor da neta que estava com suspeita de meningite.
O médico examinou Maria Valentina e disse que ela teria que ser levada às pressas para a capital. Mas, depois disso, Maria disse ter voltado para casa com a neta e pedido oração a Maria da Cruz.
“Pedi para Maria da Cruz que naquele momento entrasse naquele quarto e curasse a minha filha, para que não precisasse sair da cidade e ela ficasse bem. Eu iria vir na capela num dia de celebração com a Valentia toda vestida de branco e testemunhar o milagre”, contou.
Maria disse que depois de três horas após ter feito o pedido de cura em oração,foi surpreendida com a neta indo na direção dela, andando e pedindo para mamar.
Segundo a aposentada, ao contar o que aconteceu, os médicos que atenderam a neta ficaram surpresos com a história. “A equipe médica acreditou, pois atendeu a criança em um dia e no posterior a menina estava bem e saudável”, disse.
O padre Alexandre Umbelino Pereira contou que a canonização pela Igreja Católica é um processo demorado. Primeiro, ele está ouvindo os depoimentos.“Esses milagres são recolhidos e de uma forma criteriosa são analisados. Estamos no primeiro passo ainda”, explicou.
A pesquisadora Fernanda Cursino Galvão estuda há 11 anos a história da intercessora dos milagres. Ela explica que a menina foi enterrada no meio do cerrado por causa do preconceito existente à época em relação à doença. “Eu comecei a pesquisar cada vez mais a fundo e acabei me apaixonando pela história dela”, declarou.
Outro milagre foi relatado por Maria da Silva Teixeira. Ela acredita ter recebido dois milagres. o primeiro foi que o marido se converteu e passou a frequentar a igreja e dois irmãos dela se reconciliaram depois de anos sem contato. “Meu sentimento é de gratidão, porque todas as graças que eu pedi para Maria da Cruz, todas eu recebi”, afirmou.
O primeiro relato de uma possível intercessão de Maria da Cruz surgiu na década de 40.
À época uma sitiante estava procurando um animal que era única fonte de renda da família e, passando próximo do local da capela, o sitiante fez um pedido de ajuda à Maria da Cruz e no dia seguinte o animal apareceu na porta da casa da mulher dele.
Veli Galvão Pacífico de 77 anos contou que o pai dela construiu o caixão em que Maria da Cruz foi sepultada. O pai também chegou a cuidar da jovem quando ela estava doente.
O fazendeiro Edmar de Jesus Rodrigues contou que é muito bom ver as famílias reunidas no local, praticando fé e amor.
“Nós ressuscitamos a Maria da Cruz e todo mundo que vem é abençoado e agraciado. Está expandindo, o povo vem rezar e buscar paz, inclusive eu. Quando estou aflito venho aqui e saio em paz”, manifestou.
A população da comunidade rural de Poxoréu está lotando a capela onde está enterrada Maria da Cruz e torcem pela canonização dela.
A Capela Santa Cruz fica localizada no quilômetro 62 da MT-130, sentido Rondonópolis, a 218 km da capital, sentido a Poxoréu.