As cheias que inundavam pastagens e vegetações no Pantanal de Mato Grosso não aconteceram esse ano. De janeiro até maio, o volume de chuvas ficou 50% abaixo do normal.
Segundo os meteorologistas, está previsto para este ano o fenômeno chamado La Niña, que pode ocasionar em uma das maiores estiagens que já tivemos nos últimos 30 anos.
Lagoas e rios estão cada vez mais baixos. O medo de quem cria os animais é que eles atolem ou que morram de sede. O que mais preocupa é que o período de estiagem só está começando. O pecuarista Carlos Augusto da Silva Filho vive há 39 anos na região e diz que esse ano vai ter prejuízo.
“Eu vivo aqui 39 anos, essa sem sombra de dúvidas é uma das piores secas que eu estou presenciando e o que a gente nota é que vai ter prejuízo por causa da falta de água. Este ano, nós vamos ter como prejuízo a mortandade do gado, o enfraquecimento sendo combatido com ração, um sal de melhor qualidade que o custo é bem maior do que a gente está acostumado, e com isso, a gente vai ter reflexo dessa seca no ano que vem, porque a reprodução vai ser tardia e bem menor da média”, afirma.
Além da seca, os aceiros precisam ser feitos para tentar prevenir o fogo, mas com a estiagem, é difícil devido a abundância de pastagem. Se ocorrer incêndios, por mais que a área esteja protegida, ele vai entrar na propriedade e queimar a pastagem. Assim, os animais não vão ter alimento e os proprietários vão ter que gastar mais com ração.
Com as altas temperaturas, o tempo seco traz outra preocupação. O número de focos de calor teve um aumento de 186% com relação ao ano passado. De janeiro até maio, já são quase 2.200 registros. Segundo o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Carlos Roberto Padovani, conta que a região sofre com a falta de chuvas há dois anos e por fenômenos climáticos esperados para 2020.
“Esse período de estiagem severo não são eventos inéditos na região do pantanal. Estiagens como essa a gente já vivenciou desde 1.900. Ela também tem outra característica, de que depende do ano anterior. Como em 2019 também foi um ano relativamente mais seco, o acúmulo de falta água acabou intensificando e vai continuar, porque esse ano alguns meteorologistas estão prevendo o fenômeno La Niña que traz estiagem para a região”, afirma.
Segundo os meteorologistas, o La Niña influencia na quantidade de chuvas em todo o Brasil. Na região Centro-Oeste, o La Niña pode provocar a diminuição das chuvas ou uma grande instabilidade climática. Essa instabilidade pode ocasionar na demora do período das chuvas, que normalmente começa em outubro e vai até março do outro ano.
No ano passado já tivemos uma seca severa com chuvas que começaram tardiamente e esse ano é provável, que isso venha a se repetir. Essa sequência de dois anos pode consolidar uma das maiores estiagens que já tivemos nos últimos 30 anos.