Uma fábrica de redes artesanais, em Várzea Grande, na região metropolitana da capital, teve início antes mesmo da emancipação da cidade, que aconteceu em 1948. Em 1981, quando o Papa João Paulo II visitou Cuiabá, uma rede bordada por Terezinha Amorim foi dada a ele como presente.
A tradição, que começou há mais de 80 anos, é mantida em uma comunidade do Bairro Limpo Grande, em Várzea Grande. No local, são produzidas praticamente todas as redes artesanais vendidas em Mato Grosso.
O produto também é levado para todo o Brasil e até para o exterior.
“Minha avó dizia que a família dela era de índios e foi lá que a fabricação começou. Foi ela quem ensinou para minha mãe e foi passando de geração em geração”, contou a artesã Judith Pereira da Silva.
Judith contou que há 20 anos eram mais de 60 artesãs trabalhando na comunidade. Agora trabalham pouco mais de 20 mulheres. Segundo ela, o trabalho requer paciência e dedicação.
“Minha mãe plantava o algodão, depois tirávamos a semente, preparávamos ele e depois o enrolávamos em um novelo para começar a fazer a rede” relembrou.
A artesã Terezinha, responsável por bordar a rede doada ao Papa, começou a trabalhar na Casa do Artesão, ainda no governo de Garcia Neto. Hoje a Casa funciona no Sesc Arsenal, em Cuiabá, um dos poucos locais onde se encontra a rede.
“Tenho saudade da Casa, das minhas colegas de trabalho. Esse trabalho já estava acabado e foi a esposa do Garcia que deu a oportunidade para nós continuarmos”, ressaltou.
A gerente do Sesc Arsenal, Jéssica de Jesus Gonçalves, afirmou que não se encontra mais pessoas que fazem esse tipo de artesanato. “É um artesanato que se a gente não cuidar, podemos perder esse valor imaterial, que é a história do nosso estado”, pontuou.