A Estação Ecológica Rio Ronuro, uma unidade de conservação de proteção integral com 102 mil hectares de bioma amazônico localizada em Nova Ubiratã, Mato Grosso, está sob grave ameaça devido à exploração ilegal de madeira. A situação foi exposta por recentes operações da Polícia Civil na região de Feliz Natal.
Uma das operações, denominada “Orcs”, resultou na prisão de duas pessoas e no embargo de três madeireiras. A Estação Ecológica Rio Ronuro é uma área crucial para a preservação da biodiversidade, abrigando espécies importantes do Cerrado e da Amazônia mato-grossense.
Investigações da Polícia Civil indicam que madeira extraída ilegalmente, principalmente da Estação Ecológica Rio Ronuro, era posteriormente apreendida por órgãos ambientais e doada por meio de licitações. Além da extração ilegal, a reserva também sofre com caça e incêndios.
A Operação Orcs, deflagrada pela Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema), cumpriu 13 mandados judiciais contra uma organização criminosa que atuava na extração ilegal de madeira em Feliz Natal, Sorriso e Sinop. Foram cumpridos um mandado de prisão e 12 de busca e apreensão em residências e empresas dos investigados.
As ordens judiciais foram emitidas a partir de uma investigação da Dema, iniciada por solicitação do Ministério Público de Feliz Natal para apurar crimes ambientais de extração, transporte e comercialização ilegal de madeira no norte de Mato Grosso. A Polícia Civil investiga crimes como extração ilegal de recursos naturais, crimes contra a administração pública ambiental, associação criminosa, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) colaborou com informações administrativas, e a Polícia Civil informou que a Sema não tinha conhecimento ou participação nos fatos investigados.
A Operação Orcs apreendeu documentos, aparelhos eletrônicos e outros materiais para aprofundar as investigações. Um homem de 40 anos, apontado como responsável pela logística da extração na reserva ecológica, foi preso. Três madeireiras foram embargadas pela Sema, e uma pessoa foi presa em flagrante por porte ilegal de arma.
As investigações da Dema revelaram um esquema em que a madeira extraída ilegalmente da Rio Ronuro era doada a um grêmio desportivo e, por meio de leilões fraudulentos, retornava aos madeireiros do grupo criminoso. Foram identificadas diversas irregularidades nas doações ao grêmio, como a falta de formalização das apreensões, ausência de termos de depósito e avaliação das toras, falta de autorização judicial para venda e não regularização junto ao órgão ambiental estadual.
A Polícia Civil também identificou intensa atividade comercial suspeita em algumas madeireiras investigadas, com diversas guias florestais com indícios de fraude, indicando um fluxo constante de madeira ilegal. As investigações apontam para o possível envolvimento de agentes públicos, proprietários de madeireiras, engenheiros florestais com histórico de crimes ambientais, transportadores e intermediários.
Em outra ação na quinta-feira (10), três homens foram presos em flagrante dentro da Estação Ecológica Rio Ronuro enquanto realizavam extração de madeira. Equipes da Dema e da Gerência de Operações Especiais (GOE) encontraram toras derrubadas e serradas, um acampamento com dois suspeitos contratados para o serviço e apreenderam uma motosserra e outros materiais. Um terceiro suspeito foi encontrado na mata. Os acampamentos foram destruídos.
