Dez compradores internacionais de 7 países e 30 empresas brasileiras participam de rodadas de negócios envolvendo madeira nativa produzida em 5,2 milhões de hectares de manejo florestal sustentável em Mato Grosso. As tratativas comerciais ocorrem na Amazônia mato-grossense, no município de Alta Floresta, a 803 quilômetros ao norte de Cuiabá. As negociações com compradores da África do Sul, Alemanha, Bélgica, França, México, Polônia e Uruguai estão sendo realizadas nesta semana, de 17 a 20 de junho, no âmbito da programação da 5ª edição do Dia na Floresta.
A rodada de negócios é uma ação promovida pelo Exporta Mais Brasil: manejo florestal sustentável, programa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em parceria com o Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), o Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF) e Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt).
Foram mobilizados pela ApexBrasil importadores que irão tomar as decisões de compra baseadas nas condições de preços, prazos de entrega e ofertas de produtos, conforme lista fornecida pelos exportadores, explica o gerente de Agronegócio da ApexBrasil, André Laudemir Muller. “É a primeira vez que realizamos uma atividade como essa, de trazer compradores de madeira (de outros países) para Alta Floresta. Nosso objetivo é gerar negócios, exportar e manter a floresta em pé por meio do manejo florestal sustentável. O Cipem é um grande parceiro nosso nessa atividade inédita nesta região”, destacou.
Além dos encontros de negócios são realizadas visitas técnicas às áreas de manejo florestal e às indústrias da região. “Os dez compradores internacionais conheceram efetivamente como se faz o manejo florestal sustentável. Estiveram em talhões onde foram realizadas colheitas das árvores e em outros onde (a colheita) ainda não ocorreu. Viram como é o processo de rastreabilidade da madeira e industrialização, visitando fábricas modernas de laminados e pisos, com altíssimo valor agregado e que vendem para os Estados Unidos”, explicou o gerente de Agronegócio da Apex Brasil.
“Vimos todo o processo e testemunhamos como tudo é registrado. Estamos impressionados com a meticulosidade e vimos que as práticas corretas estão sendo seguidas. Temos segurança de que é uma operação sustentável”, afirmou o importador sul-africano Brad Anderson. “Esta é a primeira vez que visito o Brasil e fiquei muito surpreso com a recepção. O primeiro dia foi incrível, começamos desde o início até a colheita. Estou ansioso pelos próximos dias”, expôs o importador belga Franky Heirman.
Sessenta e um países são compradores de produtos florestais de Mato Grosso. Neste ano, o comércio internacional de madeira nativa mato-grossense movimentou US$ 47,3 milhões, acumulados de janeiro a maio, quando foram embarcadas 82,5 mil toneladas de madeira beneficiada, em bruto e serrada. Comparado com igual período do ano passado, o volume de embarques cresceu 10,8%, apesar do saldo comercial ser menor (-9,5) devido ao recuo nas cotações no mercado internacional. Em 2023, de janeiro a maio, foram embarcadas 74,4 mil (t) de produtos madeireiros por US$ 52,2 milhões, informa a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Entre os principais destinos da produção florestal mato-grossense em 2024 estão a Índia (US$ 18,5 milhões), França (US$ 6,5 milhões), Estados Unidos (US$ 6,1 milhões), China (US$ 3,9 milhões) e Bélgica (US$ 3,2 milhões). Os portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP) concentraram 53,9% e 43,6% dos embarques de madeira, respectivamente.
Para suprir a demanda do mercado interno e internacional são comercializadas 46 espécies de madeiras nativas que constituem a diversidade de produtos florestais de Mato Grosso. A colorimetria da madeira tropical mato-grossense identifica grande variabilidade de tons, desde os mais claros aos mais escuros. Ao todo, são cerca de 25 tonalidades, variando entre matizes de branco, bege, amarelo, marrom, vermelho, rosa e verde-oliva. Outros atributos das espécies arbóreas comerciais são variados valores de massa, desde os leves aos pesados. São comercializadas madeira das espécies Andira sp.; Dinizia sp.; Vatairea sp.; Pithecellobium sp.; Hymenolobium sp. (angelim), Hymenolobium sp.; (angelim-pedra), Vochysia sp. Qualea sp. (cambara), Cedrelinga catenaeformis D. Ducke. (cedrão), Erisma uncinatum Warm (cedrinho) Parkia sp. (faveiro), Apuleia sp. (garapeira), Tabebuia sp. (ipê), Mesilaurus itauba (Meissn). (itaúba), Hymenaea courbaril L. (jatobá), entre outras.
A produção anual de 7 milhões de metros cúbicos (m3) de madeira tropical é obtida de uma área de 5,2 milhões (ha) de manejo florestal sustentável, conforme inventário florestal, com potencial para abranger 6 milhões (ha). “Queremos avançar mais, no mercado interno e internacional. O setor de base florestal é importante para economia estadual, sendo o principal gerador de receita em vários municípios. Emprega 12 mil pessoas, além de ter um sistema de rastreamento da produção florestal (Sisflora 2.0) que é o mais eficiente do mundo, garantindo a procedência e legalidade dos produtos mato-grossenses”, destaca o presidente do Cipem, Ednei Blasius. Em Mato Grosso, o Cipem congrega 8 sindicatos e 658 indústrias, localizadas em 66 dos 142 municípios do Estado.