Recentemente divulgado pelo Instituto Centro de Vida (ICV), o estudo “Diagnóstico das Pastagens na Amazônia Mato-grossense”, baseado em dados do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG), trouxe à tona informações alarmantes sobre a situação das pastagens em Mato Grosso.
Apesar de algumas melhorias onde boas práticas foram implementadas, o estudo revela um aumento significativo de 123 mil hectares de áreas de pastagem degradadas na região amazônica do estado.
A análise abrangeu 18 municípios, a maioria parte do Território Portal da Amazônia, localizado no extremo norte de Mato Grosso. O levantamento identificou 11 características de manejo para determinar a condição das pastagens na região.
Segundo o estudo, a atividade agropecuária na região norte do estado é uma das principais atividades econômicas, mas também uma das principais responsáveis pela entrada em áreas de florestas nativas. Esse cenário é exacerbado pela falta de tecnologia e resultados produtivos inadequados, criando um ciclo de abertura, uso e degradação do solo.
Os dados, referentes ao período de 2015 a 2021, com validação em campo em 2022, mostram uma redução de 54.060 hectares na área total de pastagem na região, ao mesmo tempo em que a degradação das pastagens existentes aumentou.
A redução da área de pastagem está diretamente ligada ao avanço da agricultura na região, especialmente as lavouras de soja e milho. O estudo destaca que a diminuição da área de pastagem teve um impacto mais significativo nas grandes propriedades, enquanto as micro propriedades foram menos afetadas.
Entretanto, o estudo aponta que algumas melhorias foram observadas em determinados municípios durante o período analisado. Além disso, houve um aumento nas áreas de pastagens, principalmente em territórios indígenas e assentamentos, e um aumento significativo do desmatamento nos municípios localizados nas extremidades leste e oeste, região com maior remanescente de vegetação nativa.
Na tentativa de apresentar modelos alternativos de produção, o ICV incentivou a adoção das técnicas previstas no manual de Boas Práticas Agropecuárias da Embrapa (BPA) em um conjunto de propriedades rurais na região norte de Mato Grosso. Isso resultou em melhorias na qualidade das pastagens em algumas propriedades, conforme dados positivos apresentados em cinco propriedades rurais que participaram dos projetos do ICV.
O estudo, que contou com o mapeamento das pastagens por meio de imagens de satélite pelo Lapig e validação em campo, destaca a necessidade urgente de medidas eficazes para conter a degradação das pastagens na região amazônica de Mato Grosso.