Estudantes de escolas públicas e privadas dos municípios de Itiquira e Rondonópolis, participantes do 1º Concurso de Conscientização para Conservação da Biodiversidade da Bacia Hidrográfica do Rio São Lourenço, identificaram 1.007 espécies da fauna e flora nas regiões do Pantanal e do Cerrado. Em três meses de trabalho, foram realizadas 3582 observações, das quais 454 espécies de plantas, 247 espécies de insetos, 123 espécies de aves e 43 espécies de mamíferos, dentre outras variedades de animais e fungos. O número de espécies pode variar à medida que o trabalho de classificação, por pesquisadores e naturalistas profissionais ou amadores, prossegue.
Realizado com objetivo de promover a conscientização sobre a importância da biodiversidade no Cerrado-Pantanal e da educação ambiental voltada para a crise climática, o concurso premiou cinco estudantes e três professoras com notebooks e iPads. Foram premiados os alunos Aldo Felipe Pinheiro da Silva, Brenda Vitória Martins de Moraes, Rafael da Costa Alvarenga, Shesley Camilla Farias Nogueira e Willian Santos de Souza; e as professoras Elenice Soares Velasco, Geany Aparecida de Arruda Serra e Nadya Zanini.
A iniciativa é da Promotoria de Justiça da Bacia Hidrográfica do São Lourenço e da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Itiquira, em parceria com as secretarias de Educação e do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do município. Ao todo, foram realizadas 3.572 observações por 160 crianças e adolescentes (cidadãos-cientistas). Conforme o promotor de Justiça Claudio Angelo Correa Gonzaga, os estudantes participaram de duas formas: por meio do registro de imagens e sons, usando o aplicativo Inaturalist, ou por meio de desenho de uma observação de animal, planta ou fungo.
“Os estudantes ficaram muito felizes quando expliquei que sairíamos para fazer os registros e que, além disso, estariam participando de um concurso em que teriam diversas oportunidades de serem premiados. Ficaram ainda mais motivados quando falei quais seriam os prêmios aos quais estariam concorrendo. Em campo, a maioria levou a sério a proposta da aula e do concurso, se dedicou e fez ótimos registros de espécies vegetais e animais”, contou a professora Elenice Soares Velasco, da Escola Estadual Dom Aquino Corrêa.
A professora Geany Aparecida de Arruda Serra, da Escola Rural Fazenda Carimã, disse que já havia iniciado, na disciplina de Geografia, a trabalhar a valorização na fauna e flora da região onde seus alunos, provenientes de fazendas e aldeias indígenas, moram. “Quando surgiu o concurso, foi a oportunidade de mostrar a riqueza que eles têm no seu próprio quintal de casa. A participação dos alunos foi muito importante, não só dos alunos, mas também dos seus pais, que ajudaram a desenvolver o projeto através das fotos e vídeos. Todos ficaram muito empolgados, pois foi um prazer mostrar a realidade e o contato com a fauna e a flora no seu dia a dia.”
“Com base nessas observações, agora sabemos, por exemplo, qual o lugar mais próximo da BR-163 em que turistas podem observar tuiuiús ou locais próximos à cidade em que sucuris foram observadas. Estas informações podem subsidiar, por exemplo, ações voltadas ao ecoturismo. Caso o projeto seja reeditado, será possível ver como a biodiversidade na região está sendo afetada ao longo do tempo. O principal, no entanto, é procurar conscientizar, por meio de um ato de educação não formal e da ciência cidadã (“citizen scientist”), sobre a importância da biodiversidade e para a necessidade de se tratar a emergência climática em sala de aula”, explicou o promotor.