Em meio à pandemia do novo coronavírus e a necessidade de se manter distante e, consequentemente, ter toda a rotina escolar afetada, demonstrações de afeto, carinho e amor como a do pequeno Enzo, da EMEB Taciana Balth Jordão, emocionam quem se dedica na caminhada de educar.
Desde que as atividades presenciais da Rede Municipal de educação – formada por mais de 17 mil estudantes – foi suspensa, as práticas pedagógicas mediadas pela tecnologia e atividades domiciliares foram adotadas. Mas nem mesmo essa distância vem sendo capaz de abalar os laços de afeto.
Na mensagem de áudio gravada e enviada por aplicativo, o pequeno, atualmente cursando o 4º ano do Ensino Fundamental, demonstra a relação entre estudantes e educadores baseada no carinho e atenção.
“Oi, professora, tudo bem? Eu ‘tô’ com muita saudade de você. Faz tempo que não vejo você. Faz tempo, professora. Essa pandemia ‘tá’ incomodando, hein? Eu te amo. Um beijo, professora”, diz a criança.
A mensagem foi enviada para a professora Roneide Aparecida De Oliveira Tosetto. Ela, atualmente, não mais leciona para o pequeno, mas trabalhou com ele durante dois anos consecutivos, no 2º e 3º anos. Na ocasião, esse foi o período de construção e aprendizado conjunto. Um “trabalho de formiguinha” feito entre docente/escola e que criou um vínculo afetivo “muito significante”, como descreve a professora.
“Enzo foi meu aluno por dois anos consecutivos e veio pra mim com transtorno opositor. Sou muito grata, pois ele é uma criança muito inteligente. Ele sempre manda algo pra mim. Sou muito feliz e grata por isso, pois valeu a pena todo o esforço. Só se torna uma educadora quando se tem a capacidade de olhar o outro com um olhar de carinho, de afeto”, lembrou a professora.
“Receber esse carinho não tem preço. Não tem salário, não tem dinheiro. Só gratidão por meu trabalho e essas pessoas que passaram por mim. Esse é o grande desafio da profissão. Não é só entrar na sala e acabou. Não! Ser educador vai além da sala de aula. O papel do educador é conseguir fazer e trazer esses alunos pra si. Criar esse vínculo de afeto. Só assim as pessoas vão se transformando e melhorando as suas relações”, observou, ainda, a professora.
Secretária municipal de Educação, Esporte e Cultura, professora Veridiana Paganotti lembra que toda a Rede Municipal – tanto pais, estudantes, quanto os próprios educadores – passam por um momento de readaptação.
“Vivemos um período em que tudo o que passamos é novo para as famílias. Ao mesmo tempo, esse sentimento de humanidade, de amor, de afeto entre uma criança e um adulto, o seu professor, jamais vai deve se apagar. E a nossa missão enquanto educadores é exatamente essa: provocar isso em nossos pequenos e pequenas. Educar de forma humana”, considera a gestora.
A prefeita Rosana Martinelli também ouviu a demonstração de afeto do estudante à mestre. Emocionou-se com a leitura de mundo feita pela criança. “Exemplos assim nos transbordam o coração porque, acima de tudo, reafirma-se a esperança. E a esperança é o que não podemos deixar morrer mesmo nos momentos mais difíceis. Enzo, esse amor que você demonstrou foi lindo. Professora Roneide, exemplos como o seu nos fazem sentir a cada dia mais a certeza da competência, do carinho e da humanidade. A senhora nos faz emocionar”, comentou Rosana Martinelli.
Até o momento, as aulas presenciais da rede municipal seguem sem previsão de volta. Enquanto isso, o município vem ofertando suporte com envio de materiais impressos, bem como os professores atuando na gravação de vídeo-aulas e no envio aos estudantes. Em breve, um portal na internet vai reunir a soma de esforços para aprimorar a comunicação e as atividades entre comunidades discente e docente.