No mês em que é rememorado o Dia Internacional das Pessoas com Diabetes, neste sábado (27.06), especialistas de diferentes áreas técnicas da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) alertam para a importância do diagnóstico precoce, o tratamento e cuidados especiais neste momento de pandemia – como as formas de prevenir complicações e até mortes em decorrência da doença, que já atinge mais de 13 milhões de pessoas no Brasil.
Responsável por 22% das complicações que levaram a óbito pessoas com a COVID-19 em Mato Grosso, o diabetes é a segunda comorbidade no ranking das doenças pré-existentes em pacientes com o diagnóstico do coronavírus no Estado; a hipertensão aparece em primeiro lugar, com 32% dos casos.
No Estado de Mato Grosso, estima-se que em torno de 60 mil pessoas com idade acima de 20 anos tenham Diabetes Mellitus, doença crônica não transmissível, que ocorre quando há baixa produção ou má absorção da insulina pelo organismo.
A médica endocrinologista Luciana Diniz, da equipe do Ambulatório de Diabetes do Cermac, esclarece sobre os principais sintomas da doença. “Podemos afirmar que 50% dos casos serão assintomáticos e a maioria vai acabar descobrindo a doença ao acaso fazendo exames de rotina. Nos demais, poderão aparecer os sintomas clássicos: muita urina, muita sede, muita fome e perda de peso. Outros sintomas como fraqueza, cãibras, embaçamento visual, e infecções de repetição (furúnculos, infecção urinária e erisipelas) também podem ocorrer”.
O diagnóstico da diabetes deve ser sempre realizado pelo sangue venoso, explica a médica endocrinologista.
Tratamentos
A insulina é um hormônio que regula as taxas de glicose (açúcar) no sangue e sua função é quebrar as moléculas de glicose, garantindo energia para o organismo. O aumento da glicose no sangue ao longo do tempo pode levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos mais graves, a diabetes pode levar à morte.
No Brasil, cerca de 90% das pessoas com a doença têm Diabetes Tipo 1, que aparece comumente na infância, adolescência e adultos jovens (mas pode surgir no adulto) e seu tratamento exige a aplicação diária da insulina injetável. O Diabetes Tipo 2 está diretamente relacionado ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados (colesterol alto), hipertensão e hábitos alimentares inadequados.
De acordo com a coordenadora do setor de atenção às doenças crônicas da SES, Ana Carolina Landgraf, a melhor forma de prevenir o diabetes é adquirir hábitos saudáveis: praticar atividades físicas regularmente, ter uma alimentação adequada, evitar o consumo de álcool, de tabaco e outras drogas.
A coordenadora chama a atenção da população e faz um apelo: “Não suspendam o uso dos medicamentos amplamente utilizados para o diabetes e reconhecidos mundialmente pelos protocolos clínicos, principalmente neste momento de pandemia da COVID-19”.
Diabetes e SUS
O tratamento do diabetes é ofertado pelo SUS na rede da Atenção Primária. A Coordenadora de Gestão da área, Regina Amorim, explica que há uma estrutura composta por 919 Unidades Básicas de Saúde, com 741 Equipes de Saúde da Família em 141 municípios, cobrindo cerca de 80% da população. As equipes de Saúde da Família iniciam o atendimento e devem garantir a solução de cerca de 80% dos problemas de saúde.
A oferta de medicamentos de uso oral para a Diabetes Tipo 2 pelo SUS é de responsabilidade da farmácia básica dos municípios. Na SES, a Superintendência de Assistência Farmacêutica (SAF) é a unidade que realiza a distribuição das insulinas de alto custo para os municípios, explica a superintendente da SAF, Luci Oliveira.
O Centro Estadual de Média e Alta Complexidade (Cermac) é a referência estadual nesta área e oferta serviços em várias especialidades, tendo atendido em 2019 mais de 5 mil pessoas, informa a diretora da unidade especializada, Jocineide Rita dos Santos.
O Governo do Estado também investe na capacitação dos profissionais dos municípios por meio do Núcleo Telessaúde MT, com a oferta de aulas online e materiais para estudo, informa a coordenadora do núcleo, Juscileide Barbosa.
Diabetes e COVID-19
A médica endocrinologista Cristianne Serafim Feuser, que atua no Hospital Universitário Júlio Müller e é teleconsultora do Núcleo Telessaúde MT, esclarece que, em geral, pessoas com todas as formas de diabetes têm um risco aumentado de infecção devido à imunidade. Há maior dano celular, hiperinflamação e insuficiência respiratória.
Além disso, níveis de inflamação e de coagulação são mais altos em pacientes com COVID-19 e diabetes, sugerindo que estas pessoas têm maior chance de evoluírem para a Síndrome Respiratória Aguda Grave, que seria a forma agravada da COVID-19. As pessoas com diabetes devem vacinar-se contra a Influenza por serem consideradas grupo prioritário.