O déficit na educação infantil em Mato Grosso vai além da falta de vagas e atinge a qualidade da infraestrutura oferecida. Segundo o levantamento “Diagnóstico Creches e Pré-Escolas 2025”, realizado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), das 656 creches públicas em operação, 208 unidades (32%) não possuem sede própria e precisam dividir o espaço físico com outras etapas do ensino, como o fundamental.
Essa realidade de compartilhamento de prédios preocupa especialistas, pois a educação infantil exige ambientes adaptados especificamente para a segurança e o estímulo de crianças pequenas.
O relatório aponta que o estado ainda enfrenta dificuldades estruturais severas: apenas 47 municípios possuem obras de creches em andamento, enquanto 9 cidades estão com as construções paralisadas.
Fila de espera atinge mais de 10 mil crianças
O impacto da falta de infraestrutura reflete diretamente na fila de espera. Atualmente, 10.263 crianças aguardam por uma vaga em 84 municípios do estado. A situação é mais crítica para as famílias com bebês: mais de 5,2 mil crianças na fila (52%) têm entre zero e um ano e 11 meses, justamente a fase em que o desenvolvimento cerebral é mais acelerado.
Obstáculos na gestão e planejamento
Além da carência de prédios exclusivos, o diagnóstico do TCE-MT identificou falhas graves na organização administrativa das prefeituras:
- Falta de Transparência: 46% das cidades não utilizam sistemas informatizados para controlar a demanda por vagas.
- Critérios de Seleção: 48% dos municípios não possuem regras claras e objetivas para priorizar quem entra na creche primeiro.
- Recursos: Gestores apontam que a falta de orçamento e de profissionais qualificados são as principais barreiras para expandir o atendimento.
Recomendações para os gestores
Para tentar solucionar o problema, o TCE-MT emitiu uma nota recomendatória orientando os prefeitos a adotarem medidas urgentes. Entre as sugestões estão a criação de Planos de Expansão de Vagas e a possibilidade de parcerias com entidades filantrópicas ou privadas para garantir o atendimento imediato, especialmente onde não há prédios públicos disponíveis.
O Tribunal também reforça que a lista de espera deve ser pública e atualizada nos sites oficiais, garantindo que os pais possam acompanhar o processo de forma clara e justa.






















