Um recente levantamento realizado pela Serasa revelou que aproximadamente metade da população de Mato Grosso está enfrentando dívidas financeiras, totalizando 1.335.184 pessoas com pendências econômicas no estado. O montante combinado das dívidas vencidas desses mato-grossenses atinge a impressionante marca de R$ 6,9 bilhões.
A pesquisa também destacou que o valor médio das dívidas atingiu a marca de R$ 5,2 mil em junho deste ano, representando um aumento de 11% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Quanto ao perfil das pessoas endividadas, mais da metade delas são mulheres com idades variando entre 26 e 41 anos.
Um exemplo do impacto do endividamento é o caso de Jesuíno Oliveira, um jardineiro autônomo que, no ano passado, sofreu um acidente que o impediu de trabalhar por um ano. Ele não conseguiu acesso ao auxílio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e acumulou uma dívida de R$ 50 mil. Agora, enfrenta dificuldades para encontrar uma solução para essa situação.
“Eu ganho em torno de R$ 2 mil, R$ 3 mil por mês e tenho família, então não tem como pagar. Mesmo negociando no banco, não tenho o valor para dar”, lamenta Jesuíno.
Segundo a pesquisa da Serasa, 31% dos endividados têm dificuldades em pagar os cartões de crédito, tornando essa a categoria mais problemática. Em segundo lugar no ranking de dívidas estão as contas de água, gás e energia elétrica, que representam 21% do total das pendências.
O economista Fernando Henrique Dias explicou que o uso inadequado do cartão de crédito é uma das principais causas do endividamento. Ele observa que muitos indivíduos que recebem até três salários mínimos mensais utilizam o crédito como um complemento de renda, o que, com o tempo, leva a dificuldades financeiras cada vez maiores.
“Vai chegar em um momento que no primeiro, segundo e terceiro mês ela vai conseguir pagar. No quarto e no quinto ela não consegue porque tem que honrar as outras dívidas que ficaram para trás e vai optar por pagar os custos fixos de água, energia, e deixar o cartão de crédito rolar até virar o crédito rotativo que chega a 440% no Brasil”, alerta o economista.
A situação do endividamento em Mato Grosso reflete um desafio financeiro significativo que muitos residentes estão enfrentando e sublinha a importância da educação financeira e do planejamento cuidadoso das finanças pessoais.