Empresários e profissionais do Turismo fazem manifesto pela reabertura do Parque Nacional de Chapada do Guimarães

"São centenas de famílias ligadas direta e indiretamente às atividades turísticas, cuja renda foi extremamente afetada pelo fechamento dos atrativos devido à grave pandemia"

Fonte: ASSESSORIA

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O município de Chapada dos Guimarães, localizado no estado de Mato Grosso, tem o turismo como um pilar de sua economia, seja na geração de renda, seja em postos de trabalho.

São centenas de famílias ligadas direta e indiretamente às atividades turísticas, cuja renda foi extremamente afetada pelo fechamento dos atrativos devido à grave pandemia que se instalou em todo o mundo no início de 2020.

A cidade de Chapada permaneceu durante cerca de 6 meses com restrições severas para o combate a propagação do vírus. No último dia 8/10/2020 foi aprovado pelo comitê local de enfrentamento ao covid um decreto municipal autorizando a reabertura dos atrativos turísticos do município com atividades ao ar livre, bem como protocolos para diminuição dos riscos de contágio e propagação do vírus nas atividades. Desta forma, garantiu-se e regulamentou-se o direito ao trabalho dos profissionais ligados às visitações em atrativos turísticos no município, dependendo agora, somente da adequação dos atrativos. A renda gerada é difusa e beneficia todo o município, muito além dos profissionais diretamente envolvidos.

Evidentemente que, para não tomar medidas precipitadas de forma irresponsável, o comitê e o presente movimento em seus pleitos, considerou os dados oficiais dos órgãos de saúde pública. Os indicadores, ainda que não mostrem o final da pandemia e dos riscos inerentes, apontam de maneira clara o arrefecimento da pandemia no município de Chapada, no Estado de Mato Grosso e no Brasil como um todo. Dados disponibilizados pelas secretarias estadual e municipal de saúde corroboram para esta afirmação, podendo facilmente serem acessados pela internet. Na classificação de risco, hoje baixa em Chapada, Cuiabá e demais municípios do estado, nas médias móveis de novos casos confirmados e óbitos, na taxa de ocupação de UTIs, etc.

De maneira geral, uma análise temporal dos dados mostra que o pico epidemiológico no estado e município se deram em meados de agosto, e a partir de então os indicadores tem apontado melhora de forma consistente, em especial nas últimas semanas. Deixamos claro que nem por isso negamos a pandemia e seus riscos, não tendo nenhum embaraço, se a evolução dos dados mostrarem a necessidade, de retroceder em nosso pleito cessando novamente as atividades. Nós o faremos. Todavia, consideramos que o cenário é favorável à retomada das atividades, e tanto mais se considerarmos que diversos Parques Nacionais e estaduais já retomaram suas atividades. Mais ainda, se considerarmos que a retomada é gradual e seguirá protocolos aprovados por profissionais de saúde. Na verdade, não estamos inventando a roda, já existem disponíveis diversos protocolos, inclusive públicos elaborados por especialistas, que foram usados como base.

O município de Chapada dos Guimarães, diferentemente de outros que concentram seus principais atrativos em áreas privadas, tem no Parque Nacional de Chapada dos Guimarães seu principal conjunto de atrativos. São cerca de 180 mil visitantes anuais, cerca de dez vezes a população do município. Para se ter uma ideia, no primeiro domingo de 2020, 5 de janeiro, o parque bateu o recorde de visitação em mais de trinta anos: cerca de 2.800 visitantes num único dia, conforme matéria veiculada na imprensa. Número que teria sido ainda maior se, não houvesse limite de capacidade de carga. O mirante da Cachoeira Véu de Noiva, nosso principal cartão de visitas, é um dos pontos turísticos mais visitados no estado. Portanto, como se pode facilmente aferir, o prejuízo para o município e região é incalculável.  Perdem guias, agencias de turismo, pousadas, restaurantes, bares, lojas de souvenir, supermercados, postos de gasolina, etc. Diferentemente de boa parte dos municípios de Mato Grosso, a base de nossa economia não é o agronegócio. Nossa vocação inequívoca, por força da natureza, é o ecoturismo.

Até o momento, a comunidade e a cadeia local de turismo não recebeu nenhum comunicado ou boletim informativo oficial do ICMBio. Não recebemos sequer previsão de reabertura do Parque, e o pouco que sabemos é que os gestores locais encaminharam uma proposta de reabertura à Coordenação Regional de Goiania, em análise. Consideramos tal fato uma enorme desconsideração para com a cadeia de turismo local e toda a comunidade de forma geral. Segundo o que nos foi relatado, os gestores locais, inclusa a chefia do parque, não podem conceder entrevistas à imprensa nem emitir boletins informativos, o que mina ainda mais a transparência que se espera de um órgão público. É sabido que boa parte dos viajantes planejam sua visita com antecedência. Todos os dias recebemos solicitações de pessoas de várias partes do Brasil que desejam conhecer a Chapada e, por conseguinte, o Parque Nacional. Todos os dias profissionais do turismo são indagados sobre sua reabertura e não sabem o que responder, e os cancelamentos e trocas por outros destinos se seguem. Não temos segurança para oferecer sequer pacotes de fim de ano enquanto vários parques nacionais, ainda que em municípios com condições sanitárias inferiores às nossas, já estão funcionando. Isso é justo? Como se calar diante disso? Seremos indenizados por perdas materiais?

Contudo, um grupo de trabalhadores e empresários do turismo local, bem como moradores e comerciantes do município se uniram afim de pleitear e colaborar para viabilizar a reabertura do Parque Nacional. Já no início de agosto, a AGCE – Associação de Guias e Condutores de Chapada dos Guimarães – enviou uma pré-proposta de protocolo para reabertura de atrativos no município para apreciação dos gestores do parque. Alguns dias depois, a AGCE enviou a proposta reelaborada com ajustes, incluindo a oferta de ajuda para o cumprimento dos protocolos, sabendo que para tal, algumas medidas a serem adotadas necessitam de investimentos em materiais\equipamentos e mão-de-obra. Em reunião com os gestores, esta oferta foi recusada. Nos foi informado que a reabertura seria gradual, com o que concordamos plenamente, bem como nos responsabilizar com o cumprimento da parte que nos cabe nos protocolos, submetendo-nos a penalidades em caso de infrações. Esta mesma proposta foi entregue ao COMTUR – Conselho Municipal de Turismo – local, em que a gestão do Parque Nacional tem assento, sendo constituído um grupo de trabalho para sua apreciação e revisão afim de seguir para o comitê local de enfrentamento ao Covid. Em 26 de setembro, diante da morosidade do rito de reabertura, tanto pelo ICMBio quanto dos próprios órgãos municipais, foi criado o Movimento de Reabertura do PNCG, que subscreve esta carta, usando a mídia social WhatsApp, devido à sua grande praticidade. Sendo um movimento informal, pacífico, legalista e apartidário, o grupo tem gerado diversas articulações com efeitos positivos sobre o processo de reabertura do PNCG e outros atrativos de menor importância, até para o respaldo jurídico, não só para sua abertura, mas também para a adoção e cumprimento dos protocolos de segurança sanitária.

Importante ressaltar que o fechamento do parque tem efeito contrário ao desejado em finais de semana e feriados, uma vez que com o aumento intenso de demanda por lazer em áreas naturais, favorece aglomerações nos poucos atrativos abertos, como pode ser facilmente constatado. O PNCG, com a observância rigorosa dos protocolos, perde a chance de dar o exemplo.

Finalmente, como todos sabemos, a visitação turística bem manejada tem pequenos impactos sobre os ambientes naturais, valoriza-os monetariamente, inibe a depredação e é uma poderosa ferramenta de desenvolvimento sustentável.

A comunidade e a cadeia de turismo local, seus trabalhadores, e milhares de apreciadores de natureza espalhados pelo país aguardam ansiosamente a reabertura do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. Nosso pleito é justo, perfeitamente viável do ponto de vista sanitário cumpridos os protocolos, e trará benefícios a todos, inclusive ao próprio e ao seu patrimônio natural, que é público, um bem da coletividade.

12 de outubro de 2020, Movimento pela Reabertura do Parque Nacional de Chapada dos Guimaraes