Ainda que tenha atendido a decisão da Justiça e mantido o mínimo de 30% da frota do transporte coletivo em Cuiabá, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) afirmou que não descarta retomar a suspensão completa do serviço na Capital. Sem citar nomes, o emedebista criticou, ainda, “instâncias superiores” que segundo ele estariam atrapalhando as ações de combate ao coronavírus.
“Todas as decisões podem ser revistas, desde que tenha base nos cuidados e na proteção da vida da população. Se tiver que diminuir a circulação de ônibus para proteger a saúde pública, atendendo apenas e tão somente os serviços essenciais, nós vamos fazer. Essas medidas restritivas estão sendo tomadas no mundo inteiro. Eu estou me empenhando de todas as formas, trabalhando demais para evitar que Cuiabá se torne uma Milão, apesar das medidas em outras instâncias que nos atrapalham. Porque, por exemplo, eu seguro o ônibus em Cuiabá e vem o transporte intermunicipal, que é responsabilidade do Estado, trazendo e levando usuários de Várzea Grande. Isso acaba causando uma insegurança e uma capacidade maior de disseminação do vírus. Mas, apesar de tudo isso, vamos continuar tentando vencer esse obstáculo no diálogo”, disse o prefeito.
A paralisação do transporte coletivo voltou a expor os atritos entre Emanuel e o governador Mauro Mendes (DEM), que recorreu à Justiça para garantir a circulação de ônibus na Capital. Dias depois da retomada de 30% dos veículos em circulação, levantamento apresentado pela Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) mostrou uma queda de 91% no número de usuários transportados.
O problema para muitos é que, com a diminuição da frota, a aglomeração dos poucos que ainda precisam do transporte coletivo possibilita a propagação do coronavírus. E essa é a tese defendida pelo governador.
“Vamos analisar a sensatez, a prudência das medidas. O que o Governo diz? Já que nós temos que distanciar pessoas, transporte coletivo municipal só pode funcionar com pessoas sentadas. Então não pode ter aquela aglomeração. Para evitar contaminação. As pessoas não ficarem trombando umas nas outras. Não é recomendado nesse momento. Aí o prefeito diz: ‘suspende o transporte coletivo na cidade de Cuiabá’. Nós entramos na Justiça falando: ‘olha gente, isso não é razoável’. Nós temos de 30 a 35% de profissionais da saúde que precisam andar nos ônibus. Nós temos profissionais da segurança pública que precisam andar nos ônibus”, sustenta Mauro Mendes.
A Prefeitura, que recorreu da decisão judicial, afirma que prepara um plano de atendimento aos profissionais da saúde e de serviços essenciais (limpeza urbana da cidade).