Localizado entre Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul, o Pantanal enfrentou no ano passado a pior seca dos últimos 36 anos. Em 2021, a área úmida atingiu o equivalente a 1,6 milhão de hectares, 76% menor do que o verificado em 1985, quando a inundação abrangeu 6,7 milhões de hectares.
É o que revela estudo do MapBiomas a partir da análise de imagens de satélite entre 1985 e 2021. No bioma em que a superfície de água varia sazonalmente, os pesquisadores avaliaram a variação entre os anos com picos de cheia e de seca. Nos últimos anos, verificou-se que as cheias estão cada vez menores, tanto em termos de área quanto em duração.
Somando campos alagados e superfícies cobertas por água, a redução foi de 29% nos anos extremos dos picos de cheia, ou seja, de 7,2 milhões de hectares em 1988 para 5,1 milhões de hectares em 2018. Já nos anos extremos dos picos de seca a diminuição foi ainda mais intensa (66%) saindo de 4,7 milhões de hectares em 1986 para 1,6 milhão de hectares no ano passado.
Coordenador do MapBioma, Eduardo Reis Rosa, explica que o Pantanal sofre com múltiplos e simultâneos vetores de degradação. Em nível local, ele cita o processo de conversão de áreas naturais em pastagens exóticas e a ocupação da área do planalto, que, entre outras consequências, afeta a quantidade e qualidade da água e causa o assoreamento nos rios da planície.
“Há também uma alta frequência na incidência de incêndios, que dificulta a recuperação natural do bioma”, disse. Em nível regional, temos ainda o avanço de barragens, PCHs, drenos artificiais e estradas, que estão comprometendo o fluxo das águas”, acrescenta.
Já em nível nacional, é verificada uma maior irregularidade do regime de chuvas gerado pelo desmatamento da Amazônia e o comprometimento de sua capacidade de bombear umidade para a atmosfera. “Por fim, o Pantanal também sofre com o agravamento da crise climática”, detalha.
É o pulso das águas que dita o ritmo da vida no Pantanal. Quando a planície alaga há a renovação da fauna e flora na região. Portanto, sem a cheia há uma perda da abundância de vida, como redução na oferta de peixes, por exemplo. Entre os impactos sociais, crise hídrica e encalhe de chalanas e outros tipos de embarcações típicas do bioma.