A quarta elefanta a morar no Santuário dos Elefantes Brasil (SEB), localizado no município de Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá, está prestes a desembarcar. Ramba foi resgatada de um circo do Chile e se prepara para a viagem de avião, custeada com dinheiro arrecadado de doações. A previsão é que ela chegue em outubro.
Ramba tem aproximadamente 52 anos e deixará o parque onde vive há sete anos, em Rancágua, para viver no Santuário, com mais espaço.
Ao todo, ela percorrerá um longo caminho. Serão mais de 3.600 km. De acordo com a assessora administrativa do santuário, Cassia Motta, os gastos com o transporte custaram R$ 250 mil e foram obtidos por meio de doações.
A elefanta já está de quarentena e seguirá de caminhão até Santiago, numa distância de 86 km. Lá pegará o avião – um Boeing 747 cargueiro – para Campinas (SP), e de lá seguirá novamente de caminhão até Chapada dos Guimarães. Esse último percurso é de mais de 1.400 km.
“No avião, ela estará acompanhada por nosso atual presidente e diretor de operações, Scott Blais, e pela nossa veterinária e responsável técnica, Laura Paolillo. Nos trajetos, temos também equipe de tratadores, de marketing e de assessores para auxiliar com os procedimentos aduaneiros e legais, em geral”, conta.
Ramba possui uma história repleta de sofrimento. A elefanta viveu durante muitos anos a típica vida de um elefante de circo, como viagens longas e correntes presas aos pés.
No circo, chegou a ser alimentada com ração de cachorro, que, além de não possuir todos os nutrientes essenciais para um elefante, tem mais proteína que o herbívoro necessita, o que acabou desencadeando uma doença crônica nos rins.
Ela precisa ser transferida por diversos motivos. “O clima no Chile está longe de ser adequado para sua espécie, ela sofre muito com as temperaturas mais baixas. O espaço que o zoológico lhe ofereceu, como moradia temporária, também é muito pequeno para atender suas necessidades físicas e psicológicas”, explicou.
No Chile, Ramba está sozinha e no Santuário dos Elefantes tem outros dois animais.
“Elefantes precisam da companhia de outros elefantes e no Santuário, após décadas de solidão, ela finalmente terá uma manada para chamar de sua”, comemora.
Menos expectativa
Segundo Scott Blais, a estimativa de vida de um elefante na natureza é de 70 anos. Em cativeiro, esse número cai pela metade.
Por causa disso, a organização sem fins lucrativos resgata-os do cativeiro e os oferecem um espaço com 1100 hectares.
Com mais de 20 anos de experiência no manejo de elefantes africanos e asiáticos em zoos, circos e em santuário de ambiente natural, Scott vive no Brasil atualmente e trabalha no Santuário, juntamente com a mulher dele, Katherine Blais, que possui mais de 20 anos de experiência como técnica veterinária, resgate e reabilitação de animais selvagens.
O Santuário dos Elefantes foi fundado em 2013 e é o único santuário da America Latina. No local já moram as elefantas Maia, Rana e de Guida, que morreu há três meses.
“As pessoas falam o quão incrível é o que fazemos, mas é simples. A missão é dar aos elefantes uma vida nova. É realmente sobre elefantes voltarem a ser elefantes. Se um elefante ficar aqui só 10 dias, serão 10 lindos dias. Muitas vezes eles só tem mais três anos de vida, como Guida teve, mas com certeza foram os mais lindos três anos e sou muito grato”, afirma Scott.
O Santuário não é aberto para visitações mas suas ações podem ser acompanhadas nas redes sociais e no site oficial da organização.