O líder da etnia Kayapó, cacique Raoni Metuktire, de 89 anos, internado há nove dias em um hospital de Sinop e receberá alta neste sábado (25), às 14h (15h no horário de Brasília). Em entrevista coletiva realizada neste sábado, o cacique disse que está feliz pela recuperação e pelo apoio recebido durante o tratamento.
“Doença chega a qualquer dia e ataca alguém da nossa família. Queria que todas as pessoas pensassem nisso, respeitassem e amassem o outro. Devemos amar uns aos outros, doença não marca dia” – Cacique Raoni
Raoni tratava de infecções no intestino no Hospital Dois Pinheiros, em Sinop, a 503 km de Cuiabá. Apesar de ainda estar debilitado, a unidade de saúde informou que o indígena está sendo preparado para voltar para casa.
O médico responsável pelo tratamento, Douglas Yanai, disse que seu quadro está controlado e que ele não corre mais riscos.
“Chegou em um estágio preocupante. Havia risco de vida, fizemos a estabilização, o reidratamos e realizamos duas transfusões de sangue”, explicou o especialista.
O governo do estado disponibilizou um avião para transportar Raoni até a aldeia Metuktire.
Internação
Raoni Metuktire foi internado em um hospital de Colíder, no dia 16 após passar mal. Já no dia 18 ele foi transferido de avião para Sinop após complicações gastrointestinais e desidratação.
Segundo a direção do Instituto Raoni, o cacique apresentou um quadro depressivo após a morte da mulher dele, Bekwyjkà Metuktire, no dia 23 de junho, há um mês. Ela tinha diabetes e sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Histórico
O líder indígena é reconhecido internacionalmente pela luta que articula pelos povos indígenas. Em 1989, ele teve um encontro histórico com o cantor Sting durante o I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, em Altamira (PA).
Os dois se reencontraram em 2009 na cidade de São Paulo para conversar sobre a construção da Usina de Belo Monte.
Em novembro de 2012, Raoni foi recebido pelo presidente da França, François Hollande, no Palácio do Eliseu. Na ocasião, o cacique pedia a preservação da Amazônia e dos povos que vivem na região.
No ano passado, Raoni foi chamado pelo presidente Jair Bolsonaro de “peça de manobra” usada por governos estrangeiros para “avançar seus interesses na Amazônia”.
A declaração ocorreu após o cacique se encontrar com o presidente da França, Emmanuel Macron, em busca de apoio para a defesa da Amazônia.