A desocupação do garimpo ilegal, situado no município de Aripuanã (704 quilômetros de Cuiabá) e alvo da segunda fase da ‘Operação Trype’, com o objetivo de cessar as suas atividades, motivou o prefeito da cidade, Jonas Canarinho (PR), a decretar situação de emergência. Segundo o gestor, aproximadamente duas mil pessoas ficaram desabrigadas e não tem condições de retornar de onde vieram.
O decreto consta no Diário Oficial dos Municípios, que circulou na última quarta-feira (09). Nele, o prefeito justifica que aproximadamente duas mil pessoas encontram-se desalojadas na sede da cidade, em situação de vulnerabilidade social e, em sua grande maioria, sem recursos financeiros para se alimentarem e retornarem às suas cidades de origem.
Além disto, Jonas Canarinho pontua ainda que, em virtude dessa situação crítica e anômala, a Prefeitura Municipal de Aripuanã não detêm condições de atender as necessidades básicas dessas pessoas com recursos próprios.
O gestor cita também que há inúmeras pessoas descontentes com o fechamento do garimpo, o que tem provocado manifestações de toda ordem pelas vias públicas deste município, que poderão originar motim, revolta e violência.
O decreto de situação de emergência versa que as secretarias de Infraestrutura, Assistência Social e Saúde deverão ficar em alerta máximo, priorizando ações emergenciais humanitárias no município.
Órgão e entidades do município também ficam autorizados a realizarem ações de apoio e suporte necessários para amenizar a situação de emergência social enfrentada, mediante ações de apoio a indivíduos e famílias desalojadas e provimento de condições para o deslocamento dos indivíduos e famílias às suas cidades de origem. O decreto ficará em vigência por 180 dias.
Por conta da situação, o prefeito foi até Brasília (DF) para tentar liberar a entrega dos equipamentos aos garimpeiros. “Eu estou em Brasília (DF) e fizemos um protocolo pedindo aos órgãos que não façam maldade com quem está lá. A cidade está vivendo uma situação muito difícil, aquela região é marcada por coisas bárbaras. Precisamos ter sensatez. Queremos que eles deixem as pessoas retirarem os maquinários e também pertences”, disse na última terça-feira (08).
Segundo o gestor, muitos foram obrigados a deixar seus barracos apenas com a roupa do corpo e impedidos de retornar para pegar pertences. “O Brasil não está mais aceitando tratar pessoas nesta situação. Tem coisas que não precisam. O cara sai de lá sem dinheiro, com a roupa do corpo. Isso traz uma instabilidade muito grande, é claro que eles se revoltam”.
O garimpo ilegal esta em funcionamento desde outubro de 2018. No local, há pessoas armadas e isso tem contribuído para homicídios. Além disso, há outros crimes cometidos na área, como: ambientais, contra o patrimônio e tráfico ilícito de drogas.
Morte
Um garimpeiro, ainda não identificado, morreu em confronto com o Bope, na segunda-feira (07). Os policiais orientaram que todos deixassem o local. Porém, em um dos barracos, o homem disparou tiros contra a equipe, que revidou e o atingiu com dois tiros na região do tórax. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
Fazem parte da ação, além das policiais Militar e Federal, Sistema Penitenciário, Polícia Judiciária Civil (PJC), Corpo de Bombeiros, Grupo de Operações Especiais (GOE) da PJC, Politec, Polícia Militar, Força Tática, Rotam e os fiscais do Ibama e da Sema.
Fase 1
No dia 26 de setembro, a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da ‘Operação Trypes’, com o objetivo de investigar irregularidades na extração de ouro em garimpos de Mato Grosso. Foram cumpridos mandados de prisão em Juína, Aripuanã, Alta Floresta e Paranaíta.
A ação tem ligação com o avião localizado em junho deste ano, na cidade de Aripuanã, com uma quantidade em ouro.