Desenvolvimento de estudante autista da rede estadual inspira mãe a mudar de profissão

Conheça a história de Juliana Fortes, mãe que se reinventou para compreender melhor as necessidades do público alvo da educação especial

Fonte: Rayane Alves | Seduc-MT

“O autista só precisa ser tratado com paciência e afeto”, diz Juliana, sobre o filho Lorenzo  - Foto por: Assessoria
“O autista só precisa ser tratado com paciência e afeto”, diz Juliana, sobre o filho Lorenzo - Foto por: Assessoria

Lorenzo Fortes, de 12 anos, é estudante do 6º ano na Escola Estadual Souza Bandeira, em Cuiabá. Diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a experiência e o desenvolvimento do pequeno, que é considerado um estudante exemplar pelos professores, inspiraram a mãe, Juliana Fortes, a dar um giro de 360 graus em sua vida profissional.

Juliana Fortes, aos 53 anos, nunca imaginou que a maternidade iria transformar sua vida num giro de 360 graus. Com duas filhas adultas, Adrielle e Victória, ela engravidou do terceiro filho e precisou romper diversos paradigmas para proporcionar uma qualidade de vida melhor ao pequeno Lorenzo Fortes, que hoje tem 12 anos e é estudante do 6º ano na Escola Estadual Souza Bandeira, em Cuiabá.

Após receber o diagnóstico de autismo do filho, a então representante de editora educacional resolveu voltar à sala de aula e se reinventar para entender melhor a condição de seu caçula. Ela se tornou psicopedagoga e, agora, prepara caminhos para o mestrado e doutorado objetivando se qualificar como neuropsicopedagoga. “Com a formação, aprendi que o autista só precisa ser tratado com paciência e afeto para tornar possível o desenvolvimento das suas habilidades e competências”, contou.

Compreender esse novo cenário não foi o suficiente. A mãe conta que foi preciso adotar uma nova rotina, sem viagens e com passeios mais planejados para atender às necessidades de desempenho emocional e funcional do Lorenzo. Além disso, foi preciso atuar também como ativista, chamando atenção da sociedade diante das particularidades que são únicas de cada criança com autismo. “Fui à luta buscar espaço nos grupos de apoio à causa e consegui fazer com que a minha voz fosse ouvida participando como palestrante em diversos eventos sobre autismo”.

A mãe recorda que até os cinco anos de idade, Lorenzo não se comunicava, não demonstrava sentimentos e também usava fraldas. Atualmente, com o conhecimento que adquiriu, ela comemora ao vê-lo alfabetizado. “Uni os saberes conquistados por meio dos meus estudos e, ainda, ao aprimoramento das escolas que atendem o público alvo da educação especial na Rede Estadual de Ensino”.

Lorenzo faz parte de um grupo de 8.866 estudantes Público Alvo da Educação Especial, na Rede Estadual de Ensino.  Desse total, 1.407 estudantes são diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A secretária-adjunta de Gestão Educacional, Mozara Zasso Spencer, observa que, assim como Lorenzo, os demais são assistidos, dentro de cada especificidade, por equipes multidisciplinares, além de atendimento terapêutico complementar por meio da equoterapia.

“São professores de Atendimento à Educação Especial, professores auxiliares pedagogos, professores regentes, professores intérpretes de Libras, assistente de educação especial, além de professores que atendem em hospitais e domicílios”, disse Mozara, ressaltando que além das 597 escolas que oferecem a inclusão, a rede conta com outras quatro unidades especializadas e uma bilíngue de surdos.

Para a assistente de educação especial que trabalha diretamente com Lorenzo, Kelly Regina, ele é um estudante exemplar, sobretudo, pela dedicação aos estudos. “Percebo que é muito inteligente, faz perguntas em sala de aula e interage com os colegas. Por isso, é importante ter esse acompanhamento especializado em sala de aula. Me sinto feliz em participar de uma das fases deste trabalho”.

Os resultados levaram Juliana, segundo ela, a encarar o novo momento profissional com maturidade e a comemorar a estabilidade emocional e autonomia que o filho alcançou durante esses anos que transformaram as suas vidas. “Tive paciência para dar tempo ao tempo e esperar cada avanço. Agora, dialogamos com paciência e afetividade”, comemorou.

“Com a minha nova formação profissional, pude me tornar uma mãe além da condição natural da proteção em uma pessoa que estuda educação, saúde, direito e a ciência. Mas, o centro de toda essa trajetória foi e continua sendo o amor, sobretudo, o amor de mãe”.

Hoje, Juliana Fortes diz que está disposta a compartilhar da sua experiência para auxiliar também outros estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Fora isso, divide o seu tempo com Adrielle, a primogênita de 37 anos; Victória, que tem 28 anos; além dos netos Miguel Valentim (10 anos) e Benício (8 meses), filhos de Adrielle e Victória, respectivamente. “A minha rotina é desafiadora e gratificante. Se precisar, farei tudo de novo”, finalizou.

 

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